Marcelo diz que nomeação de Costa será “muito bom para a Europa e Portugal”

As três maiores famílias políticas europeias chegaram a acordo sobre os cargos de topo da União Europeia e António Costa será nomeado presidente do Conselho Europeu.

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A nomeação oficial do ex-primeiro ministro ocorre na cimeira dos líderes europeus quinta-feira OLIVIER MATTHYS / EPA
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O Presidente da República saudou esta terça-feira o acordo a que as três maiores famílias políticas europeias chegaram para a nomeação de António Costa como presidente do Conselho Europeu. "É uma alegria, é muito bom para a Europa e para Portugal, se se confirmar", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa. A posição é, de forma geral, partilhada pelas várias forças políticas, com a excepção do Chega, PCP e Bloco de Esquerda.

O chefe de Estado disse ainda que o acordo "parece muito bem encaminhado" e que "é uma óptima notícia". Mas evitou tecer mais comentários aos jornalistas, explicando que "a equipa negociadora chegou a acordo e vai apresentar a proposta depois de amanhã", sendo que "só depois de amanhã é que é formalmente apreciada pelo Conselho [Europeu]".

Os negociadores dos grupos do Partido Popular Europeu, dos socialistas e dos liberais europeus chegaram a um consenso sobre a distribuição dos principais cargos da União Europeia, mas este acordo preliminar só será votado na cimeira dos líderes europeus desta quinta e sexta-feira. Além da nomeação do ex-primeiro-ministro português como presidente do Conselho Europeu, o acordo prevê que Ursula von der Leyen continue a dirigir a Comissão Europeia e que Kaja Kallas, primeira-ministra da Estónia, seja chefe da diplomacia europeia.

​Quem também reagiu à notícia foi o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, que defendeu que "devemos estar satisfeitos por esse consenso existir". "Quando o interesse nacional de ter alguém num cargo europeu se pode conciliar é importante. Portugal precisa de consensos", argumentou, em declarações transmitidas pela RTP3.

Sem destoar, o presidente do governo da Madeira, Miguel Albuquerque, classificou como "positivo para Portugal" o entendimento prévio para a nomeação de Costa. "Acho que ele tem condições para fazer um bom trabalho", disse, citado pela Lusa.

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, por sua vez, defendeu que "António Costa é o político mais bem preparado para assumir a presidência do Conselho Europeu e para dar ao cargo o peso político que precisa". "São boas notícias para a Europa, para Portugal e para os socialistas", afirmou no X (antigo Twitter).

Na mesma linha, a líder parlamentar do PS considerou que este é um dia "muito importante para Portugal" e que a indicação do ex-primeiro-ministro se trata do "justo reconhecimento de oito anos de um trabalho que elevou muitíssimo o patamar" de Portugal. Em declarações no Parlamento, citada pela Lusa, Alexandra Leitão elogiou ainda Costa por saber "fazer pontes" e "consensos" e defendeu que o futuro líder do Conselho Europeu "vai continuar a demonstrar" essas competências.

"Concessões à extrema-direita"

Em sentido contrário, o presidente do Chega, André Ventura, sublinhou que o ex-líder do Governo "está sob suspeita da justiça portuguesa", numa alusão à Operação Influencer, tendo assegurado, em declarações na RTP3, que nunca apoiará António Costa à presidência do Conselho Europeu.

Também a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, criticou o PS, nas redes sociais. Mas por ter feito um "acordo para que [Ursula] von der Leyen volte a ser presidente da Comissão Europeia", "depois de uma campanha inteira a criticar von der Leyen e as suas concessões à extrema-direita".

A reforçar a ideia, a deputada Marisa Matias argumentou, a partir do Parlamento e citada pela Lusa, que "é incompreensível" que, após as críticas dos socialistas sobre as "ligações e aberturas permanentes" da líder da Comissão Europeia à extrema-direita, "elas sejam esquecidas". E considerou que "não ganhamos, nem perdemos" por termos portugueses nos "cargos de maior liderança" europeus porque que "o que está em causa são as políticas".

Igualmente crítico do acordo é o PCP, que sustenta que esta nomeação é "feita em função do consenso que junta liberais, PPE e socialistas nas políticas da União Europeia que têm aprofundado a sua natureza neoliberal, federalista e militarista". "É uma ilusão pensar que a escolha de António Costa vai contrariar esse rumo que tem prejudicado os povos", diz o eurodeputado João Oliveira, numa resposta escrita ao PÚBLICO.

Pelo Livre, o co-porta-voz Rui Tavares considerou, na SIC Notícias, que "António Costa é uma escolha bastante evidente para o Conselho [Europeu]", nomeadamente, "do ponto de vista do interesse interno" desse órgão, por ser um "veterano" e porque os líderes europeus "precisam de ter alguém em quem confiem".

Falando aos jornalistas no Parlamento, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, referiu que a indicação do socialista ao Conselho Europeu é "positiva para Portugal", mas pediu que "não se esqueça das causas", como o combate às alterações climáticas ou a protecção animal.

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