Ministério cancela reuniões com sindicatos de enfermeiros agendadas para hoje

Já tinham sido adiadas as reuniões com os sindicatos médicos agendadas para esta semana . “Para já”, mantém-se na agenda de quarta-feira a reunião com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

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Ministério liderado por Ana Paula Martins diz que as reuniões com os sindicatos médicos foram adiadas devido a alterações na agenda da ministra e pelo trabalho que está a ser feito em colaboração com o Ministério das Finanças. FILIPE AMORIM / LUSA
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O Ministério da Saúde cancelou a reunião marcada para esta segunda-feira com o Sindicato Independente Profissionais Enfermagem destinada à assinatura do Protocolo Negocial e discussão de "questões cruciais para a carreira de enfermagem", segundo a estrutura sindical.

O Sindicato Independente Profissionais Enfermagem (SIPEnf) afirma em comunicado que "o cancelamento unilateral da reunião do Governo com os enfermeiros (...) contribui activamente para degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Contactado pela agência Lusa, o Ministério da Saúde adiantou que "foram adiadas as reuniões com sindicatos de enfermeiros que estavam agendadas para hoje", acrescentando que, "para já, mantém-se na agenda de quarta-feira" a reunião com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

Para o Sindicato Independente Profissionais Enfermagem, a ronda de negociação cancelada torna "ainda mais urgente" a apresentação de "soluções concretas e imediatas" para, entre outras questões, a evolução da Tabela Salarial da Carreira de Enfermagem.

"Exigimos uma valorização salarial que reflicta as competências e responsabilidades dos enfermeiros. A falta de valorização tem contribuído para a desmotivação dos profissionais, afectando negativamente a qualidade dos cuidados prestados no SNS", refere o sindicato, avisando que não aceitará "mais promessas vazias" e reclama acções imediatas.

O SIPEnf também quer propostas para "uma melhor organização do tempo de trabalho", garantindo melhores condições para os profissionais.

"A má organização tem levado ao esgotamento dos enfermeiros, resultando em erros e baixa qualidade no atendimento aos utentes. Exigimos mudanças concretas e rápidas para evitar o colapso dos serviços de saúde", sublinha no comunicado.

Recorde-se que o Ministério da Saúde também adiou as reuniões marcadas para esta semana com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fnam), uma decisão criticada pelas estruturas sindicais.

Contactado pela agência Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Nuno Rodrigues, disse que a reunião com o SIM prevista para esta segunda-feira foi adiada, mas ficou agendada para 3 de Julho.

Já a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, adiantou que a federação recebeu a informação do Ministério da Saúde na sexta-feira à noite a dizer que, por "motivos imprevistos e ponderosos", a reunião agendada para terça-feira não se pode realizar

Para a dirigente sindical, o adiamento da reunião sem uma nova data marcada "não é um bom sinal", adiantando que a FNAM vai exigir ao Ministério da Saúde que marque "uma reunião em breve" para arrancar com o processo negocial.

"Impõe-se que esta negociação aconteça quanto mais célere melhor, nem pode ser de outra maneira", porque "senão este verão ainda vai ser pior que os outros", uma vez que continuam a faltar médicos no Serviço Nacional de Saúde, avisou Joana Bordalo e Sá.

Além disso, referiu que os médicos estão com "uma grande expectativa nesta negociação" e, por isso, este adiamento "não vai ser visto propriamente com bons olhos".

"As pessoas estão cansadas, estão esgotadas e precisam de um sinal de que efectivamente as coisas possam resolver ou melhorar a situação" no Serviço Nacional de Saúde.

Ressalvou, contudo, que tem "algumas esperanças" nesta negociação se for incluído no protocolo negocial as grelhas salariais e as condições de trabalho, nomeadamente a reposição das 35 horas, a reposição do internato médico na carreira e a "justa progressão na carreira".

Trabalho que está a ser feito com as Finanças

Segundo o Ministério da Saúde, as reuniões com os sindicatos médicos foram adiadas devido a alterações na agenda da ministra e pelo trabalho que está a ser feito em colaboração com o Ministério das Finanças.

"A ministra da Saúde recebeu, no dia 21, uma convocatória para estar na Assembleia da República no próximo dia 28 de Junho, para ser debatido o Plano de Emergência da Saúde, o que obrigou a alterações na respectiva agenda semanal", afirmou no sábado numa resposta escrita à Lusa.

O Governo disse ainda que tem estado a trabalhar em várias medidas para procurar satisfazer algumas das reivindicações feitas ao Ministério da Saúde pelos vários sindicatos.

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