Israel detém jornalista palestiniana por mais dois meses, mesmo sem condenação

Rasha Hirzallah, jornalista da agência de notícias palestiniana WAFA, foi chamada para interrogatório a 2 de Junho e avisada de que ficaria detida por 72 horas. Afinal, serão 70 dias.

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Jornalistas palestinianos entre escombros (imagem de arquivo) HAITHAM IMAD
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Um tribunal militar israelita prolongou esta segunda-feira até Agosto a detenção de Rasha Hirzallah, jornalista da agência de notícias palestiniana WAFA, presa há 22 dias.

Segundo o Clube dos Prisioneiros Palestinianos e a própria agência WAFA, o período de detenção foi prorrogado até 11 de Agosto, seguindo-se a uma outra extensão de duas semanas anunciada a 10 de Junho.

Raed Mahamid, advogado da comissão da Autoridade Palestiniana dedicada à defesa dos direitos de prisioneiros e ex-prisioneiros, afirmou que o tribunal militar de Samaria (em Nablus, na Cisjordânia ocupada) decidiu prolongar a detenção sob pretexto de "cumprir procedimentos judiciais abertos".

A jornalista palestiniana da cidade de Nablus foi presa pelas forças de ocupação a 2 de Junho, depois de os serviços secretos israelitas a terem convocado para interrogatório num centro de detenção do colonato de Ariel. À chegada, foi informada de que ficaria detida por 72 horas.

Segundo o Comité para a Protecção de Jornalistas, Rasha Hirzallah​ está sob investigação por "incitamento". A organização de defesa da liberdade de imprensa detalha ainda que, nas suas redes sociais, a jornalista continuava a recordar o irmão, Mohammed Hirzallah, membro de um grupo palestiniano de resistência armada, morto em 2022 após confrontos com as tropas israelitas.

Em Agosto, a libertação de Rasha pode voltar a ser adiada, sendo comum Israel recorrer a detenções administrativas, baseadas em provas e acusações secretas, para manter cidadãos detidos mesmo sem qualquer acusação formal ou condenação.

Segundo organizações de apoio aos prisioneiros palestinianos, Israel já deteve mais de 9300 pessoas na Cisjordânia desde 7 de Outubro, incluindo centenas de menores. O Comité para a Protecção de Jornalistas confirmou também a detenção de 43 profissionais, dos quais 32 permanecem presos. Desses, pelo menos 15 continuam sem saber de que crimes são suspeitos.

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