Poupança das famílias prolonga subida do excedente externo

A tendência de melhoria do saldo da economia portuguesa com o exterior prolongou-se no arranque do ano. A ajuda não veio desta vez do Estado, mas as famílias compensaram.

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Taxa de poupança dos portugueses subiu no arranque deste ano xx direitos reservados
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Apesar de as contas do Estado terem, nos primeiros três meses do ano, registado um défice, o aumento do rendimento disponível das famílias e o reforço da taxa de poupança das famílias compensaram esse efeito negativo e permitiram que a economia portuguesa continuasse a registar uma melhoria no saldo das suas contas com o exterior, que nos últimos 12 meses foi o mais positivo desde, pelo menos, 1999.

Graças uma redução progressiva do endividamento do Estado, das empresas e das famílias, Portugal conseguiu, ao longo da última década, deixar para trás os défices externos e a diminuir progressivamente a dívida líquida da sua economia face ao exterior. Essa melhoria das contas levou mesmo a que, na semana passada, a Comissão Europeia retirasse Portugal do grupo de países da UE com “desequilíbrios macroeconómicos”.

E, nesta segunda-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou, nos dados das contas nacionais do primeiro trimestre, que esta tendência não só não parou como até se acentuou.

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Nos últimos 12 meses até ao final do passado mês de Abril, o saldo externo da economia portuguesa cifrou-se num valor equivalente a 3,2% do produto interno bruto (PIB), batendo novamente (tal como já o tinha feito no trimestre anterior) o valor máximo deste indicador desde pelo menos 1999.

Durante os 12 meses do ano passado, o saldo externo português tinha-se cifrado em 2,7% do PIB.

Para estes resultados, não contribuiu desta vez a tendência registada nas contas públicas. No primeiro trimestre de 2024, o saldo orçamental foi negativo em 0,2% do PIB e, quando se olha para o resultado dos últimos 12 meses, passou-se de um excedente orçamental de 1,2% no final de 2023 para 1% no final do passado mês de Março.

A ajuda teve, portanto, de vir de outro lado. E aquilo que os números divulgados nesta segunda-feira pelo INE mostram é que foram as famílias, com um aumento do rendimento disponível que foi superior ao seu aumento do consumo, que mais contribuíram para que Portugal reforçasse o seu excedente face ao exterior.

De acordo com os dados das contas nacionais, o rendimento disponível total das famílias aumentou, durante os 12 meses anteriores ao final do primeiro trimestre deste ano, 2,6% em termos nominais e 1,5% em termos reais, isto é, descontando o efeito dos preços. Já o consumo aumentou apenas 1,1% em termos nominais e 0,3% em termos reais.

Isto significa que as famílias tiveram maiores rendimentos por força da actualização dos salários ou do aumento dos lucros distribuídos pelas empresas de que são proprietárias, mas mantiveram, em termos reais, o consumo praticamente inalterado.

Revelando exactamente isto, a taxa de poupança em Portugal aumentou de 6,6% do rendimento disponível para 8%, o valor mais alto desde o arranque de 2022, após a taxa de poupança ter chegado a valores máximos históricos durante a pandemia.

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