Zaccagni salvou a Itália da incerteza e condenou a Croácia ao exílio

Os croatas estiveram a poucos segundos de se qualificarem para os “oitavos”, mas a “squadra azzurra” contou com um milagre do avançado da Lazio para empatar na última jogada do jogo.

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Festa italiana após o golo de Zaccagni Angelika Warmuth / REUTERS
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Já chamaram à Croácia os “mestres do futebol a passo” pela forma demasiado paciente como encara cada jogo. É uma espécie de resistência passiva que os croatas oferecem ao adversário, esperando que este se esgote de energia e de ideias antes de sacarem um golpe de asa que resolve o jogo. Tem sido assim com esta geração croata a cada campeonato, sempre com os mesmos. Nesta segunda-feira, estiveram a poucos segundos de terem mais um prémio, mas acabaram por ser uma das vítimas do "grupo da morte". Zaccagni, avançado da Lazio, foi o autor do milagre da Itália, que arrancou um empate em Leipzig (1-1) e segue para os oitavos-de-final, deixando os croatas quase de fora.

Com o segundo lugar no Grupo C, os italianos já têm o seu lugar nos “oitavos” e encontro marcado em Berlim com a Suíça (29 de Junho), enquanto os croatas ficam condenados a sair do torneio (ainda podem apurar-se, mas será muito difícil) e, talvez, à despedida do seu líder em campo, Luka Modric - que fez tudo para que este desfecho fosse adiado. Mas a selecção de Zlatko Dalic voltou a não ter final, perdendo a vitória frente à Itália da mesma forma que já a tinha perdido contra a Albânia.

Aos italianos um empate seria o suficiente para seguiram em frente na defesa do título, os croatas precisavam de ganhar. Luciano Spaletti mudou de avançado – Retegui em vez de Scamacca – esperando que a velocidade e pressão fosse o suficiente para desgastar o adversário. Apesar da primeira oportunidade ter sido da Croácia, com um remate de longe de Susic que obrigou Donnarumma a uma boa defesa, a Itália conseguiu ter o domínio da iniciativa – que não era o mesmo que ter o domínio da posse de bola, que navegava mais entre os pés croatas.

Em dois momentos da primeira parte, a Itália deu a sensação de que iria quebrar a resistência da Croácia, aos 21’ num cabeceamento de Retegui nas costas de Gvardiol que saiu perto do poste, e aos 27, em novo cabeceamento de Bastoni a que o guardião Livakovic se opôs com uma enorme defesa. Estes foram os dois tiros da Itália que mais perto estiveram de atingir o alvo. Mas a Croácia, no tal estilo de “futebol a passo”, resistiu.

Para a segunda parte, Zlatko Dalic resolveu dar um pouco mais de poder de fogo ao ataque croata com o “pinheiro” Budimir (1,90m de altura), um ponto de referência para Modric e companhia. E o jogo pareceu logo diferente. Aos 49’ num cruzamento de Kramaric a partir da direita, a bola cruzou-se com o braço de Frattesi. Os croatas reclamaram penálti, o árbitro Danny Makkelie foi ver as imagens e confirmou a infracção do homem do Inter. Penálti para a Croácia e não ser outro a marcar. Luka Modric avançou, atirou para o seu lado esquerdo e Donnarumma defendeu.

Pareceu um enorme desconsolo para o homem do Real Madrid, um dos melhores jogadores da última década a falhar num momento tão crítico e, talvez, a assinar a sua despedida do futebol internacional. Mas Modric, 37 anos, não se deixou abater. No minuto seguinte, estava a marcar o golo, aproveitando a passividade da defesa italiana após um cabeceamento de Budimir que Donnaruma deteve. A bola ficou ali sem dono na pequena área e Modric escreveu a sua história de redenção com o golo que marcou.

Vendo-se em vantagem, a Croácia voltou a recolher-se na casca, entrando em modo de resistência, enquanto a Itália entrou em modo desespero. Spalletti meteu o que tinha para o último ataque (Chiesa, Scamacca, Zaccagni), mas já se sabe que a Croácia nestas situações é de uma eficácia exemplar, feita de gente que já joga junta há muito tempo e que sabe o que tem de fazer. Quanto à Itália, também já se sabe que é uma equipa em reconstrução e que desespera com facilidade.

Desesperou nos mais de 40 minutos finais e já não parecia ter nada para dar quando, do nada, Riccardo Calafiori, defesa do Bolonha, desatou a correr com a bola, rompeu todas as defesas da Croácia e deu para a sua esquerda, onde morava Zaccagni. O pé direito do homem da Lazio cruzou-se com a bola no momento certo e golo. Catarse e festa à italiana. A Croácia foi imediatamente ao chão.

Notícia corrigida: a Croácia não está eliminada do Euro 2024

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