Mais uma nega a Albuquerque: JPP não participa na reunião de negociação do Programa do Governo da Madeira

O encontro marcado pelo executivo regional para esta segunda-feira não contará com os dois maiores partidos da oposição. Chega, IL e PAN vão marcar presença.

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Miguel Albuquerque tenta negociações para aprovar Programa de Governo HOMEM DE GOUVEIA / LUSA
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Depois do PS, também o partido Juntos Pelo Povo (JPP) não vai participar na reunião desta segunda-feira com o executivo madeirense, liderado pelo PSD, para consensualizar medidas para o Programa do Governo. O anúncio foi feito neste domingo pelo secretário-geral do partido, Élvio Sousa. "Não queremos fazer parte de um encontro onde os intervenientes não têm credibilidade no uso da palavra, não são de confiança e praticam a mentira, com a ajuda dos meios de propaganda subsidiados pela região", afirmou o dirigente em comunicado.

De acordo com a nota, o dirigente do JPP adiantou, à margem de uma iniciativa à saída das eucaristias, no Funchal, que os militantes e os órgãos do partido decidiram, em encontros realizados no sábado, que não iriam participar em "reuniões secretas feitas nas costas do povo".

Na quarta-feira, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, anunciou a retirada do Programa do Governo da discussão que decorria desde o dia anterior no parlamento madeirense e que tinha votação prevista para o dia seguinte, quinta-feira. Essa foi a forma de Albuquerque evitar o chumbo do documento, uma vez que PS, JPP e Chega, que somam um total de 24 deputados dos 47 que compõem o hemiciclo, tinham anunciado o voto contra.

Apesar de ter ganho algum tempo para mais negociações, sobretudo com o Chega, já que o apoio dos seus quatro deputados lhe permitiria aprovar o Programa do Governo e manter-se no poder, a estratégia não lhe terá valido de muito, pelo menos para já. Depois de o PS e o JPP terem chegado a um acordo, poucos dias depois das eleições, para tirarem o PSD do poder, não é surpresa que recusem sentar-se à mesa com os sociais-democratas.

Na quinta-feira, o executivo madeirense indicou, em comunicado, que convidou todos os partidos com assento parlamentar para uma reunião, na segunda-feira, para consensualizar propostas para o Programa do executivo. O encontro é promovido pela Secretaria Regional da Educação, Ciência e Tecnologia, que tem a tutela dos assuntos parlamentares no arquipélago.

"Os militantes foram peremptórios, e lançaram dúvidas sobre se, depois de tanta mentira, das trapalhadas e das negociatas, alguém acredita na palavra de Albuquerque, alguém aceitaria ser fiador deste PSD e de Albuquerque", realça o JPP, na nota divulgada neste domingo.

Élvio Sousa afirma que Miguel Albuquerque retirou o Programa do Governo um dia antes de ser votado no parlamento, "e quando já ia com dois dias de trabalhos parlamentares, apenas para "gizar mais uma manobra de diversão, iludir os madeirenses e porto-santenses, continuar a sacudir a responsabilidade pela crise e atirar as culpas para os outros partidos.".

"Nada mudou nem vai mudar. O JPP não é um partido cata-vento", reforça o dirigente do JPP. "Temos um compromisso de coerência e de seriedade para com a população que nos delega confiança através do voto e também para com os nossos militantes. Não tomamos decisões de forma leviana, como fazem alguns partidos. Nós ouvimos os militantes e respeitamos a sua voz", salienta ainda.

Nas eleições regionais antecipadas de 26 de Maio, o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a maioria absoluta (para a qual são necessários 24), o PS conseguiu 11, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada.

Já depois das eleições, o PSD firmou um acordo parlamentar com os democratas-cristãos, ficando ainda assim aquém da maioria absoluta. Os dois partidos somam 21 assentos. Embora no final da campanha eleitoral o Chega tenha admitido um acordo com o PSD com a condição de Miguel Albuquerque sair de cena, como isso não aconteceu, o partido de André Ventura garantiu depois que com a manutenção no poder do líder regional social-democrata, constituído arguido num processo sobre alegada corrupção, nunca irá fazer qualquer entendimento com o PSD.

Também após o sufrágio, o PS e o JPP (com um total de 20 mandatos) anunciaram um acordo para tentar retirar o PSD do poder, mas o representante da República, Ireneu Barreto, entendeu que não teria viabilidade e indigitou Miguel Albuquerque.