Montenegro desafia PS e Chega a “juntarem-se ao Governo para decidir” bem sobre necessidades do país

Primeiro-ministro e presidente do PSD aposta no discurso aos jovens procurando mostrar um novo empenho nesta faixa etária, depois de, no tempo da troika, Passos Coelho ter recomendado que emigrassem.

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Montenegro discursou no encerramento do congresso da JSD FILIPE AMORIM / LUSA
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"Nas oposições há muitos faladores, mas no Governo há muitos fazedores. (...) Nós não estamos aqui para proclamar; nós estamos aqui para decidir e para governar", avisou neste domingo Luís Montenegro no discurso de encerramento do 28.º congresso da Juventude Social-Democrata. O líder do PSD e primeiro-ministro elencava uma lista de medidas que o seu executivo tomou nestes dois meses e meio de mandato, com especial incidência nas políticas para os jovens, quando deixou, primeiro, uma crítica aos dois principais partidos da oposição, que lhe têm dificultado a vida na Parlamento, e logo depois um apelo.

"Cada partido escolhe a sua estratégia e o seu caminho. Cada partido responde perante os portugueses pelas suas opções. Ao PS só quero dizer uma coisa, que, aliás, também vale para o Chega: se a vontade que o PS tem é juntar-se com o Chega, ou o Chega a vontade que tem é juntar-se com o Partido Socialista, a vontade do Partido Social Democrata é juntar-se com Portugal e com os portugueses para resolver os seus reais problemas", afirmou Luís Montenegro.

"A uns e a outros nós dizemos: preocupem-se menos em juntarem-se um com o outro e juntem-se aos portugueses. E a melhor maneira de se juntarem aos portugueses é juntarem-se ao Governo para decidir bem aquilo que hoje são as principais necessidades da vida de cada português", apelou o líder do executivo.

Luís Montenegro deu depois alguns exemplos dessas suas boas decisões governativas em 60 dias, como o "acordo histórico com os professores", o programa de emergência para a saúde, o plano de acção para a imigração, as medidas para a habitação.

Falando para uma plateia de jovens no Campo Pequeno, em Lisboa, onde decorreu o congresso da JSD, o também primeiro-ministro defendeu que o Governo tem vindo a cumprir o compromisso eleitoral que assumiu com esse "pilar essencial" que é a juventude. Lembrou que este executivo deu o estatuto de ministério à pasta da Juventude, entregue a uma antiga líder da JSD; realçou que o PSD aposta em jovens que ainda têm idade para estar na JSD, como a deputada Gabriela Cabilhas e o cabeça de lista às europeias, Sebastião Bugalho; e vincou que "o projecto do PSD para Portugal tem a juventude no seu epicentro".

"É hoje absolutamente prioritário dar à juventude portuguesa a esperança e a confiança para poder ter futuro em Portugal; é do interesse dos jovens manterem a ligação às suas terras (...), mas é também do interesse geral do país" a manutenção de recursos humanos qualificados no território. "Para termos uma sociedade mais equilibrada, criarmos mais riqueza, que possa pagar mais salários e sustentar as políticas sociais para ajudar aqueles que necessitam da mão do Estado nos momentos de maior vulnerabilidade. Para termos crescimento económico sustentado e melhores salários, e termos garantias de que o Estado social funciona, precisamos da juventude portuguesa em Portugal a trabalhar", justificou Montenegro.

Que lembrou a intenção de corte de um terço na tributação do IRS dos jovens até aos 35 anos, as ajudas para a compra de primeira casa (isenção de IMT e imposto do selo e a garantia bancária estatal), o alargamento das condições para o programa de arrendamento Porta 65, a maior oferta no alojamento estudantil e no apoio à saúde no ensino superior.

O primeiro-ministro defendeu ainda medidas como a baixa de impostos (puxando a si os louros quando a medida aprovada no Parlamento foi a desenhada pelo PS), os prémios de produtividade, o aumento do complemento solidário para idosos e os medicamentos gratuitos como medidas que, não sendo para os jovens, se destinam a "olhar pelas famílias" e, indirectamente, também pelos mais novos. Montenegro tenta assim alcançar duas faixas etárias das quais o PSD tem estado afastado depois do Governo de Passos Coelho com a troika: os jovens, a quem foi recomendado que emigrassem, e os mais idosos, porque viram as reformas congeladas.

No congresso, João Pedro Louro, que concorria sem oposição ao cargo de novo presidente da JSD, foi eleito com 81% de votos a favor - teve ainda 3% de votos nulos (14) e 16% em branco (66). E no seu discurso teve também um espacinho para a crítica aos dois maiores partidos da oposição, a quem acusou de terem "um romance", e avisou, em jeito de ameaça, que os jovens não lhes perdoarão se fizerem algum "bloqueio" à autorização que o Governo pediu ao Parlamento para poder legislar sobre a taxa máxima de 15% no IRS de jovens até aos 35 anos.

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