Nem bom vento…

Nunca tinha visto Espanha assim. Nunca tinha sentido esta tensão política que é quase palpável nas ruas.

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A minha família paterna chegou a Portugal fugida de uma Espanha que sangrava e que era demasiado perigosa para todos aqueles que se tinham batido pela vitória republicana. Os “passeios nocturnos”, protagonizados pelas tropas franquistas, mesmo depois de proclamada a vitória, tendiam a acabar em fuzilamentos colectivos. E os corpos que se amontoavam em valas comuns eram quase sempre de gente de esquerda considerada ameaça pelo regime de Franco. Fugiu quem pôde. Mas muitos, infelizmente, não puderam. A minha família teve a sorte de pertencer ao grupo dos que conseguiram cruzar a fronteira e recomeçar. Acontece que nenhum recomeço apaga raízes e, por isso, continuamos ligados a Espanha de forma umbilical.

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