Se desde sempre quanto mais velho melhor, foi fundamentalmente com o Regulamento das Categorias Especiais que o Vinho do Porto entrou na modernidade, passando a munir-se com as regras de controlo e engarrafamento em que se baseia a sua comercialização e com isso a gozar de crescente valorização, notoriedade e reconhecimento dados pela idade.  

Aprovado em Novembro de 1973, o regulamento entraria em vigor no início do ano da Revolução de Abril e foi, portanto, há 50 anos e já de mãos dadas com a democracia e a liberdade, que o Vinho do Porto reforçou o reconhecimento e a valorização da qualidade baseada na idade, que lhe têm permitido enfrentar as crescentes adversidades do mercado.  

Depois dos Vintage, LBV (Late Bottled Vintage), Porto com data de colheita e Porto com indicação de idade, a crescente apetência pelos mais caros e consequente valorização dos vinhos mais velhos, levou à criação, desde 2022, das novas categorias especiais de Tawny 50 anos, Porto Branco 50 anos, e Very Very Old Tawny (com mais de 80 anos).    

É assim que a acompanhar os 50 anos da criação das categorias especiais – e também do 25 de Abril - o mercado assistiu pela primeira vez ao lançamento de uma série de vinhos do Porto 50 anos. Dos mais recentes, registo para o Porto Tawny 50 anos da Graham’s, uma das mais reputadas casas do sector, que sendo das últimas a lançar a novidade não deixou, no entanto, os seus créditos por mais alheias. Um tawny sublime, que junta dois lotes especiais, um de 1969 e outro que associa vinhos de 1970 e 1973 que tinham sido lotados em 1982. Apenas 250 garrafas, por 500€ cada, que devem estar à venda ainda neste mês de Junho. 

Na mesma linha de grande prestígio e qualidade, o Dom Rozés 50 anos, lançado por altura do Natal numa embalagem especial. Garrafa de litro com vidro soprado e selado à mão, em edição única de 2.500 unidades (310€ cada) para reforçar a valia e excepcionalidade do vinho.  

Vinhos que pela idade são tesouros líquidos e só são possíveis pela riqueza dos stocks acumulados nas caves ao longo de décadas e pela mestria única dos blenders seus criadores. Vinhos que são o expoente da modernidade do Vinho do Porto, e cuja excepcional valia e qualidade resulta também do efeito de oxidação e evaporação (chegam a perder 50%) que leva a uma grande concentração, com doçura equilibrada pela grande riqueza de ácidos.   

Que além de serem a expressão máxima da tradição e da arte única da lotação, representam também sempre um grande investimento. Para engarrafar vinho do Porto é preciso manter um stock mínimo de 150 mil litros e não é permitida a comercialização de mais que um terço dos vinhos armazenados como forma de manter o processo de envelhecimento.    

É por isso que na aquisição de quintas ou marcas, os stocks de vinho do Porto são de extrema importância, já que de outra forma os novos produtores que queiram entrar no mercado são obrigados a comprar stocks de vinhos antigos. É o que aconteceu no caso da Menin Wine Company, dos investidores brasileiros Rubens Menin e Cristiano Gomes, que a par do seu Vintage 2022, vai agora lançar um sumptuoso Porto Branco 50 anos, criado com um lote de vinhos que tem vindo a adquirir.  

Com uma criteriosa gestão dos lotes acumulados desde meados do século passado, também a Messias juntou nos últimos meses um Porto Branco 50 anos ao portefólio onde já tinha os 10, 20, 30 e 40 anos. Trata-se, neste caso, de um branco doce (215€/50cl), já que nos seus stocks foram acumulando fundamentalmente vinhos e lágrima, uma vez que há mais de 50 anos comercializavam um Dry Old Port branco, que corresponde agora ao branco 10 anos.    

E se nem todos esperam pelos 50 anos da entrada em vigor do Regulamento das Categorias Especiais e já no ano passado lançaram os seus tawny e branco 50 anos aproveitando a criação da nova categoria, foi com um Porto de 50 anos que a casa Barros (grupo Sogevinus) decidiu assinalar o 50º aniversário do 25 de Abril. Também com um vinho do Porto de categoria especial, um Colheita de 1974 (170€) que à simbologia do ano associa também um packaging especial comemorativo, com garrafa e caixa ilustradas pela artista Teresa Rego, com muita cor e motivos associados à  data.   ​

Quanto mais velho melhor, e agora também com os novos 50 anos para celebrar a modernidade do Vinho do Porto.