Cartas ao director

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A justiça e os media

É com perplexidade, e já tanto tem sido dito e escrito sobre o assunto, que se assiste a tudo, mas ninguém faz nada. O segredo de justiça e a impunidade com que se soltam em momentos oportunos (para quem?) escutas e insinuações sobre políticos é uma constante da nossa vida política e social. Como é que canais de televisão que julgamos responsáveis, como a CNN e a TVI, se prestam a isto? Que o Correio da Manhã o faça, sabemos o que a casa gasta. Alguém na Procuradoria-Geral da República ou na Judiciária faz o frete a forças obscuras para divulgar o que em cada momento interessa no derrube de opositores, sejam eles do partido X ou Y, autarcas ou ministros ou ex-ministros. E tudo sem freio. A liberdade de imprensa e de opinião é sagrada, mas só os tribunais podem julgar. Querem acabar com aquilo que foi tão difícil de conseguir, a Liberdade e a Democracia, e dar voz aos populistas? Quando é que os directores dos meios de comunicação percebem que estão a ser manipulados? Ou será porque a competição entre eles, a febre do lucro e as audiências valem mais?

Heitor Ribeiro, Massamá

Um elefante na sala

Quando a nível europeu se decide se António Costa vai ser escolhido para presidir o Conselho, eis que surge, e provoca estragos, mais uma notícia sobre o processo que permitiu o golpe de Estado judiciário que levou à queda do Governo anterior. Num artigo da autoria da Maria de Lurdes Rodrigues, a autora esclarece como é que informação confidencial, por exemplo, na banca, pode ser controlada: registando o nome de todos a que a ela acederam. E conclui: “Há muito que o problema da violação do segredo de justiça podia estar resolvido. Mas, pelos vistos, para o Ministério Público isso não é um problema.”

Pois não, isso não é um problema para o MP, porque essa é a arma suja que há anos vem sendo utilizada para intervenção cirúrgica na política e para o controlo subliminar dos políticos. Com este estatuto de irresponsabilidade (perante quem responde o MP, senão perante si próprio?), o MP é hoje o elefante na sala da nossa Democracia. Quem mete o animal na ordem?

José Cavalheiro, Matosinhos

Finanças estão bem, senhor ministro

Afinal, as Finanças do país estão muito bem, e não só nos últimos três meses, mas sim nos últimos anos. Ou seja, o actual inquilino do Ministério das Finanças enganou-se totalmente quando comunicou ao país que as contas estavam mal, e em Bruxelas chamaram-no à atenção, dizendo que estava errado. E de novo, desta feita no Luxemburgo, em reunião dos ministros das Finanças da UE, reafirmaram que, efectivamente, as contas públicas do país estão no bom caminho. E o mesmo ministro das Finanças veio dizer que nos últimos 15 anos, para não apanhar só governos do PS, as contas públicas têm estado num caminho animador. Mas é um facto que foi nos anteriores governos, dos últimos oito anos, que houve um acerto de contas públicas. Algo que o partido do actual ministro das Finanças sempre acusou o PS de não conseguir fazer. No Luxemburgo também ficou um alerta para não se aumentar excessivamente as despesas públicas face às receitas, para não estragar o que foi feito.

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

Receita de alienação colectiva

Deixe um Europeu de futebol num tabuleiro a marinar com ervas durante um mês. Junte azeite, relembre aquela receita do Chefe Scolari, de colocar bandeiras nas janelas, ou faça você mesmo, polvilhe o retrovisor do carro com adereços da selecção e refogue a cebola com o símbolo das quinas no vidro traseiro. Tempere com banalidades e encha o tabuleiro com os chouriços jornalísticos da especialidade sem nada para noticiar. Regue com cerveja, ligue a televisão para ver os políticos falar do futebol como "identidade nacional" e sirva de imediato esta receita de alienação colectiva ao povo.

Emanuel Caetano, Ermesinde

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