Arquitectura
Esta casa foi “construída sobre as memórias do passado” no coração de Lagos
A Casa Sofia fica a paredes-meias com a igreja de São Sebastião, tem vista para a cidade e registos pontuais do anterior edifício que aqui existia.
A casa fica em Lagos, numa rua em declive, entre edifícios antigos e novos e em frente à igreja de São Sebastião. No terreno onde foi construída existiu em tempos um prédio residencial que foi “demolido há cerca de 20 anos”, adianta ao P3, Mário Martins, arquitecto responsável pelo projecto.
Os actuais proprietários, explica, comparam o lote “a pensar no futuro”. Queriam construir uma casa que será progressivamente habitada até se tornar na única morada da família. Chamaram-lhe Casa Sofia e o atelier de Mário Martins começou a construí-la em 2022.
A entrada fica junto à igreja e parte da casa, com especial destaque para o terraço no piso superior, foi erguida paredes-meias com este secular monumento da cidade. O interior é, como a rua, feito de desníveis: no piso -1 fica a cave de apoio; “no piso zero”, como o arquitecto lhe chama, três dos quatro quartos e no primeiro andar a cozinha, a sala e o quarto principal.
“A casa é nova, mas foi construída sobre as memórias do edifício que esteve antes no local. O desenho é contemporâneo e dotado de uma verticalidade marcada pelas janelas que estabelecem uma relação com os outros edifícios de linguagens e tempos diferentes”, explica.
No interior, há um vazio central junto à entrada que permite ver a casa inteira. O pavimento é de madeira, as paredes e a escadaria são brancas e as divisões amplas. Segundo o arquitecto, as janelas com vista para o pátio interior permitem a entrada de uma luz “natural e filtrada” em cada espaço, mas nunca da mesma forma. Esta luz prolonga-se pela escada acima até ao último piso da moradia. “A ideia de criar um espaço de lazer na cobertura da casa surgiu naturalmente porque o terraço tem uma vista muito bonita para a igreja, para o mar e para a cidade”, completa.
No exterior, as paredes são de reboco branco, “espessas e densas” como as do edifício original demolido há duas décadas. Mário Martins acrescenta que são também “intemporais” e recortadas pelas janelas que conferem intimidade à habitação.
A Casa Sofia ficou concluída em 2023 assente num diálogo “entre edifícios de escalas e tempos diferentes”. A igreja continua a ser o marco da cidade. E, em frente, nasceu uma "casa simples" que também se faz notar.