Roberto Martínez: “Estatísticas mostram que Ronaldo pode fazer o jogo todo”

Seleccionador de Portugal deixou elogios à Turquia, enalteceu reacção da equipa no jogo de estreia e pediu uma selecção fiel a si mesma para o jogo de sábado.

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Roberto Martínez durante o treino desta sexta-feira MIGUEL A. LOPES / EPA
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Portugal volta a entrar em cena no Campeonato da Europa de futebol, na Alemanha, com a possibilidade de garantir desde já o apuramento para os oitavos-de-final. Mas essa será sempre a consequência do caminho que a selecção tem de seguir, alertou nesta sexta-feira o seleccionador, Roberto Martínez, que chamou também a atenção para a qualidade da Turquia e deixou claro que Cristiano Ronaldo tem todas as condições para jogar durante 90 minutos.

Ao contrário do que aconteceu na véspera do jogo inaugural, desta vez a selecção nacional dispensou o treino no relvado do recinto de jogo e trabalhou ainda no quartel-general, em Marienfeld, viajando para Dortmund somente ao início da tarde. Na sala de imprensa do Signal Iduna Park, palco do Portugal-Turquia de sábado (17h), Roberto Martínez separou as águas em relação aos dois primeiros rivais neste torneio.

"São adversários diferentes. Contra a República Checa, não era o plano deles ter um bloco baixo durante o jogo. Criámos muitos problemas, tivemos o controlo da bola, a República Checa gosta de marcar ao homem e obrigámo-los a um trabalho defensivo diferente." Feito o balanço possível do encontro inaugural, as atenções viraram-se para a Turquia, que derrotou a Geórgia por 3-1 no grupo F.

"A Turquia tem um talento jovem incrível, mas com papéis importantes na equipa. Tem a experiência de jogadores como Çalhanoglu, tem muita qualidade com bola, mas o treinador também lhes deu uma estrutura muito forte", vincou o seleccionador de Portugal, acrescentando: "A Turquia tem um jogo interior muito forte, precisamos de parar isso, de estar compactos, mas também precisamos de ser nós mesmos, de controlar o jogo, de dar largura."

Insistindo em que Portugal cresceu com o triunfo (2-1) sobre a República Checa, essencialmente pela maturidade que lhe permitiu virar o resultado, Martínez apontou uma oportunidade de melhoria também. "A posse não teve na primeira parte o número de remates que nós queremos, mas a nota mais positiva foi a reacção depois de sofrer o golo. Foi uma reacção muito boa."

De resto, desvalorizou a possibilidade de qualificação imediata para a próxima fase — "O foco é dar tudo durante três jogos e depois podemos avaliar e ver o nosso papel" e demorou-se um pouco mais para explicar por que razão Cristiano Ronaldo continua a ser indispensável e útil à equipa durante os 90 minutos.

"Cristiano foi muito disciplinado, trabalhou muito e é para nós um marcador, é um jogador de área. No golo do Francisco, o espaço abre-se porque o Cristiano está na área. A nossa equipa não é de jogo directo, de procurar o ponta-de-lança rapidamente, queremos chegar ao último terço com cinco ou seis jogadores. Não precisamos de ter um jogador, mas quatro, cinco ou seis nas posições perto do ponta-de-lança."

E quando directamente questionado sobre se o avançado do Al Nassr ainda consegue render ao mais alto nível durante toda a partida, argumentou com outra pergunta. "Sabe quantos minutos ele jogou na Arábia Saudita?" Depois, veio a contra-argumentação: "Mas o campeonato saudita não tem a mesma intensidade e exigência de um Europeu."

"A experiência é como lidas com estes momentos, não há outro jogador que tenha seis presenças em Europeus. Para nós, é importante ele ter experiência, know-how e oportunidades na área para abrir espaço. O Cristiano está na selecção porque merece estar, marcou 51 golos e as estatísticas mostram que pode jogar o jogo todo."

Rafael Leão: "Vai ser um jogo diferente"

Antes, tinha sido Rafael Leão a antecipar o encontro, prevendo um jogo "mais ao estilo" da selecção portuguesa do que o primeiro, diante da República Checa. "O jogo é importante, a Turquia é uma selecção com qualidade individual também. Estudámos bem o que o mister quer que façamos amanhã. Acho que vai ser um jogo totalmente diferente do primeiro, com mais espaço, e vamos entrar para ganhar."

Garantindo que se preparou mentalmente para o Europeu e que tem como objectivo "fazer uma grande campanha", o extremo do AC Milan assume como natural e positivo o índice de concorrência interna que enfrenta. "No ataque temos grandes jogadores, mas claro que quero ser titular, ajudar a equipa. Sempre que entro em campo, tento justificar as escolhas, e o que tenho vindo a fazer no clube é o que procuro fazer na selecção."

E que balanço faz da exibição individual no jogo de estreia do torneio? "Acho que fiz uma boa primeira parte, tentei criar oportunidades com o meu estilo de jogo. Na segunda parte não consegui ter tanta bola e depois fui substituído, mas os colegas que entraram trouxeram energia e garra e fiquei contente com o contributo deles", resumiu.

De resto, desvalorizou o maior apoio que a Turquia deverá nas bancadas, até porque a comunidade turca em Dortmund é numerosa, e apontou o ex-colega de equipa Hakan Çalhanoglu, a sensação Arda Güler e o avançado Yilmaz como principais focos de atenção no adversário.

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