Exame ao sangue e IA podem prever Parkinson sete anos antes dos sintomas

Estudo concluiu que, quando um ramo da IA analisa um painel de oito biomarcadores sanguíneos cujas concentrações são alteradas em pacientes com Parkinson, pode dar um diagnóstico com 100% de precisão.

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Um teste sanguíneo poderá prever a probabilidade de uma pessoa desenvolver Parkinson Rodrigo Garrido
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Um exame ao sangue utilizando inteligência artificial (IA) pode prever a Parkinson, a doença neurodegenerativa que mais cresce no mundo, até sete anos antes do início dos sintomas, indica um estudo divulgado esta terça-feira.

Liderada por cientistas da University College London (UCL), em Londres, e do Centro Médico Universitário de Goettingen, na Alemanha, a investigação concluiu que, quando um ramo da IA analisa um painel de oito biomarcadores sanguíneos cujas concentrações são alteradas em pacientes com Parkinson, pode fornecer um diagnóstico com 100% de precisão.

De acordo com o estudo publicado esta terça-feira na revista científica Nature Communications, perante esse resultado, a equipa avançou com novas investigações para confirmar se esta solução, através de um teste sanguíneo, poderá prever a probabilidade de uma pessoa desenvolver Parkinson.

Para isso, analisaram o sangue de 72 pacientes com transtorno comportamental de movimento rápido dos olhos (iRBD, na sigla em inglês), tendo em conta que 75% a 80% das pessoas com este distúrbio terão tendência para desenvolver uma acumulação anormal de uma proteína nas células cerebrais, que poderá levar ao desenvolvimento da Parkinson.

Quando a ferramenta de inteligência artificial analisou o sangue desses pacientes, concluiu que 79% dos pacientes com iRBD tinham o mesmo perfil de alguém com Parkinson.

Os pacientes foram acompanhados ao longo de dez anos, o que permitiu aos investigadores, ao longo desse período, prever correctamente que 16 pacientes desenvolveriam Parkinson, uma conclusão alcançada sete anos antes do início de quaisquer sintomas.

A equipa continua agora a acompanhar os restantes pacientes com previsão de desenvolver a doença, para confirmar ainda mais a precisão do teste.

A Parkinson, que afecta actualmente quase dez milhões de pessoas, é um distúrbio progressivo causado pela morte de células nervosas numa parte do cérebro que controla o movimento. Estas células nervosas morrem ou ficam danificadas, levando à perda da capacidade de produzir uma importante substância química chamada dopamina.

Actualmente, os doentes de Parkinson são tratados com uma terapia de reposição de dopamina depois de já terem desenvolvido sintomas, como tremor, lentidão de movimentos e de marcha e problemas de memória.

Os investigadores acreditam que a previsão e o diagnóstico precoce seriam valiosos para encontrar tratamentos que pudessem retardar ou parar a doença, protegendo as células cerebrais produtoras de dopamina.

"À medida que novas terapias se tornam disponíveis para tratar a Parkinson, precisamos de diagnosticar os pacientes antes que eles desenvolvam os sintomas. Não podemos regenerar as nossas células cerebrais e, portanto, precisamos de proteger aquelas que temos", explicou Kevin Mills, um dos autores do estudo e professor no Great Ormond Street Institute of Child Health da UCL.

De acordo com o investigador, a utilização desta tecnologia de ponta para encontrar novos e melhores biomarcadores para a doença de Parkinson permite desenvolver um teste que possa ser realizado em qualquer laboratório de referência do serviço público de saúde britânico.

"Com financiamento suficiente, esperamos que isso seja possível dentro de dois anos", adiantou Kevin Mills.

Segundo Michael Bartl, do Centro Médico Universitário de Goettingen, ao determinar oito proteínas no sangue, será possível identificar potenciais pacientes com Parkinson com vários anos de antecedência, o que significa que as terapias poderiam ser administradas num estágio anterior, retardando a progressão da doença ou até mesmo impedindo que ocorresse.

"Além de desenvolvermos um teste, conseguimos diagnosticar a doença com base em marcadores que estão directamente ligados a processos como a inflamação e degradação de proteínas não funcionais. Portanto, esses marcadores representam possíveis alvos para novos tratamentos medicamentosos", salientou ainda o investigador.