Substituir PGR não é objectivo dos subscritores do manifesto pela reforma da Justiça

Nesta segunda-feira realizou-se o primeiro encontro de subscritores do “Manifesto por uma Reforma da Justiça em Defesa do Estado de Direito Democrático”.

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Maria de Lurdes Rodrigues, fala à imprensa antes da reunião de subscritores do Manifesto por uma Reforma da Justiça em Defesa do Estado de Direito Democrático, que tem como principal objectivo reunir os subscritores do manifesto para reflectir sobre como prosseguir e criar uma Agenda para a Reforma da Justiça, na Culturgest, em Lisboa, 17 de junho de 2024 TIAGO PETINGA / LUSA
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Reunião de subscritores do Manifesto por uma Reforma da Justiça em Defesa do Estado de Direito Democrático, que tem como principal objectivo reunir os subscritores do manifesto para reflectir sobre como prosseguir e criar uma Agenda para a Reforma da Justiça, na Culturgest, em Lisboa, 17 de Junho de 2024 TIAGO PETINGA / LUSA
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Eduardo Ferro Rodrigues (E) e Augusto Santos Silva.(C), durante a reunião de subscritores do Manifesto por uma Reforma da Justiça em Defesa do Estado de Direito Democrático, que tem como principal objectivo reunir os subscritores do manifesto para reflectir sobre como prosseguir e criar uma Agenda para a Reforma da Justiça, na Culturgest, em Lisboa, 17 de Junho de 2024 TIAGO PETINGA / LUSA
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Rui Rio (D), durante a reunião de subscritores do Manifesto por uma Reforma da Justiça em Defesa do Estado de Direito Democrático, que tem como principal objectivo reunir os subscritores do manifesto para reflectir sobre como prosseguir e criar uma Agenda para a Reforma da Justiça, na Culturgest, em Lisboa, 17 de Junho de 2024 TIAGO PETINGA / LUSA
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Os subscritores do manifesto que pede uma reforma na Justiça dizem não ter como objectivo substituir a Procuradora-Geral da República e que o Ministério Público não está acima do escrutínio público, não podendo sobre isso "haver medo nem tabus".

À entrada para o primeiro encontro de subscritores do "Manifesto por uma Reforma da Justiça em Defesa do Estado de Direito Democrático", que junta uma centena de personalidades de diversas áreas, a ex-ministra da Educação e membro da comissão organizadora do movimento cívico, Maria de Lurdes Rodrigues, disse aos jornalistas que substituir a Procuradora-Geral da República (PGR), Lucília Gago, "não está" nem "nunca esteve" no manifesto.

"Não está porque não é essa a orientação do manifesto. A mudança de uma PGR não constitui uma reforma da Justiça. A reforma da Justiça para considerar as questões do Estado de Direito, das liberdades e garantias dos cidadãos é muito mais do que a substituição de um rosto. Trata-se sim de um modo de funcionamento do MP, que é uma coisa diferente, e, aí sim, há muitas preocupações", disse a responsável.

Questionada sobre se é intenção do manifesto causar algum incómodo ao MP, Maria de Lurdes Rodrigues disse: "Incomoda-se quem não se sente bem."

"Nós tratamos de manifestar aquilo que são as nossas preocupações e as preocupações dos cidadãos não podem nem devem ser silenciadas. Não pode haver medo, nem pode haver tabus, todas as instituições da democracia são passíveis de escrutínio. (…) O MP é como as outras instituições, que tem que prestar contas, sobretudo pela qualidade do serviço que presta", disse.

A morosidade da Justiça, uma das nove grandes preocupações dos subscritores do manifesto, "penaliza o próprio MP", referiu Maria de Lurdes Rodrigues, apontando um despacho da PGR sobre articulação entre autonomia e hierarquia no MP travado por uma providência cautelar sindical, que há quatro anos aguarda decisão nos tribunais administrativos.

"Isto diz tudo sobre a morosidade que não afecta este ou aquele, respeita a todo o sistema de justiça, paralisa os próprios órgãos de justiça, o que é muito importante ser olhado", disse.

Rejeitou ainda qualquer falta de transparência no encontro de hoje por decorrer à porta fechada, sublinhando que o grupo de reflexão não tem qualquer "dever de comunicação", ao contrário do MP, que "tem o dever estatutário de enviar um relatório à Assembleia da República e isso não é feito".