Quinze livros para ler no mês do orgulho LGBTQI+ (e não só)

Da banda desenhada ao romance, autobiografia e livros de memórias, sugerimos 15 livros com temas queer para juntares às tuas estantes.

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Sugestões de livros para ler durante o mês do Orgulho LGBTQIA+ TIAGO BERNARDO LOPES
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Junho é o exponente máximo do orgulho queer: durante 30 dias assinala-se o mês do Orgulho LGBTQIA+ (pride month), data que ficou marcada na agenda depois das revoltas de Stonewall, a 8 de Junho de 1969, nos Estados Unidos, que deram força ao movimento dos direitos LGBT no país e que acabou por se espalhar pelo resto do globo.

As marchas e as bandeiras saem à rua para celebrar direitos conquistados, mas também para exigir os que faltam cumprir. Aproveitamos o embalo para sugerir quinze livros — desde a banda desenhada, ao romance, autobiografia e livros de memórias, há livros para todos os gostos — que oferecem uma visão mais alargada sobre a experiência LGBTQ+, homenageiam as jornadas de indivíduos queer e o movimento mais amplo por amor, aceitação e igualdade para todos.

Na Terra Somos Brevemente Magníficos de Ocean Vuong

Foi a estreia do autor na prosa depois de a poesia ter mudado a sua vida.​ Em Na Terra Somos Brevemente Magníficos, Ocean Vuong — imigrante e refugiado — conta a história de um rapaz de Hartford, Connecticut — pobre, imigrante, vítima de bulliyng e amante de poesia — que conhece Trevor, que adora futebol americano, consome droga e espatifa carros velhos. Os dois envolvem-se, mas é uma paixão condenada porque Trevor foi educado para ser homem”.

“Interessa-me o romance autobiográfico como uma assimilação, quase como criar um caminho paralelo, carregado de perguntas. Não escrevi uma memória por não ter a coragem de fazer as perguntas difíceis à minha família; acho que sou demasiado fraco para isso. Faço-lhes perguntas difíceis e acho que desato a chorar. Escrevi o romance como uma maneira de fazer às personagens as perguntas que faria à minha família, como jogar o jogo de assimilação usando o poder da imaginação", disse o escritor em entrevista ao PÚBLICO, em 2020.

Chama-me pelo Teu Nome de André Aciman

É descrito como um "clássico instantâneo e uma das grandes histórias de amor do nosso tempo". Seguimos o romance repentino e poderoso entre um adolescente e o hóspede da mansão dos pais durante um Verão, na Riviera italiana. Com argumento de James Ivory e realização de Luca Guadagnino, este livro sobre o amor e a descoberta da sexualidade foi adaptado para o grande ecrã em 2018, com Timothée Chalamet e Armie Hammer a dar vida às personagens principais.

As Malditas de Camila Sosa Villada

É o primeiro romance da autora argentina Villada e tem na sua origem a "atitude inabalável, revolucionária, exemplar de uma irmandade de travestis malvistas, mal-amadas, maltratadas, mal pagas, mal avaliadas, mal-afamadas". É um livro descrito como a "transformação da vergonha, do medo, da intolerância, do desprezo e da incompreensão em prosa de qualidade".

A Rapariga Dinamarquesa de David Ebershoff

Mais um livro que deu origem a um filme. É a história verídica de um casamento apaixonado e invulgar. O pintor dinamarquês Einar Wegener veste-se de mulher para ajudar a esposa a terminar um quadro e descobre em si uma identidade até então desconhecida. A Rapariga Dinamarquesa retrata eloquentemente a intimidade única que define cada casamento e a notável história de Lili Elbe, uma pioneira na história das pessoas transgénero, e da mulher dividida entre a lealdade ao seu casamento e as suas próprias ambições e desejos.

Guia Para Lésbicas num Colégio Católico de Sonora Reyes

Um livro mais direccionado para o público juvenil, Guia Para Lésbicas num Colégio Católico conta a história de Yami, a única pessoa de origem mexicana numa escola cheia de pessoas brancas e ricas, e trata questões de racismo, homofobia, imigração, mas não só. Depois de a sua ex-melhor amiga ter exposto a sua sexualidade perante toda a escola, Yami entra no novo colégio com as prioridades bem definidas: deixar a mãe orgulhosa, esconder que é lésbica e, mais importante que tudo, não se apaixonar.

O Quarto de Giovanni de James Baldwin

Lançado em 1956, o segundo romance de James Baldwin é uma obra-prima da literatura americana. Com pinceladas autobiográficas, o livro transporta-nos para uma relação bissexual ao acompanhar David, um jovem norte-americano em Paris que espera e desespera pela namorada, que está em Espanha. Enquanto Hella pondera se deve ou não casar-se com David, este conhece Giovanni, um barman italiano. O regresso de Hella a Paris faz com que David tenha que escolher entre a normalidade de uma vida segura com Hella e a incerteza de um futuro ao lado de Giovanni, decisão que culminará numa tragédia inimaginável.

Amo-te mais do que te posso dizer de A.M. McAndrew

É o romance de estreia de A. M. MacAndrew, que aborda intimamente o amor profundo entre duas mulheres, a atracção, o desejo e a fragilidade de todas as relações — mesmo quando há amor. Neste seu primeiro livro, escreve sobre o casal Elena e Charlotte, que conhece Alicia, uma nova aluna de doutoramento na faculdade onde Charlotte ensina, acontecimento que vai abalar a vida das três mulheres para sempre.​ MacAndrew nasceu em Lisboa em 1972, é médica, trabalhou durante mais de vinte anos na área da investigação científica e é mãe de cinco filhos. Neste momento divide o seu tempo entre a Faculdade de Medicina, onde dá aulas, e a escrita de ficção pela qual se apaixonou.

PAGEBOY de Elliot Page

Este livro de memórias da estrela de Juno e Umbrella Academy aprofunda a relação de Page com o seu corpo, a sua experiência enquanto uma das pessoas trans mais famosas do mundo e aborda temas como a saúde mental, agressão, amor, relações, sexo e o "esgoto que Hollywood pode ser". O actor recorda os momentos iniciais da carreira na representação, em especial o filme Juno, que lhe granjeou a fama e uma nomeação para os Óscares, em 2008. A experiência na comunidade transgénero, bem como o processo da transição, são temas centrais do livro.

Destransição, Baby de Torrey Peters​

É o primeiro livro de Torrey Peters e nas suas 340 páginas acompanhamos a história de Amy, que reverteu a transição de género, voltando a ser Ames, e de Reese, uma mulher transgénero. A relação acaba quando a "destransição" acontece, mas Ames não se conforma e quer reconquistar Reese. Quando a chefe e amante de Ames revela que está grávida, Ames percebe que esta poderá ser a oportunidade por que esperava. Poderão os três formar uma família e criar o bebé juntos?

"Um romance de estreia provocador sobre o que acontece nos cantos emocionais, confusos e vulneráveis da feminilidade que os chavões e as boas intenções não conseguem alcançar. Torrey Peters navega de forma brilhante e destemida pelos tabus mais perigosos em torno do género, do sexo e das relações, presenteando-nos com um romance emocionantemente original, espirituoso e profundamente comovente", é a descrição da editora deste livro.

Série Heartstopper de Alice Oseman

Começou como um webcomic de romance LGBTQ+, mas pouco depois foi publicado em formato físico e traduzida para dezenas de países. Nesta série de BD, cujo primeiro livro é descrito como “rapaz conhece rapaz”, seguimos a história de amor entre Charlie, um rapaz tímido e assumidamente gay, e Nick, um popular jogador de rugby que questiona a sua sexualidade. Os livros têm recebido elogios pela forma optimista como retratam o dia-a-dia dos jovens e a leveza com que abordam os desafios que vêm com a passagem de ser adolescente para ser um jovem adulto — ​e os dois primeiros volumes fazem parte do Plano Nacional de Leitura.

Alice Oseman é uma premiada escritora, ilustradora e guionista nascida na Inglaterra. Aos 29 anos, já escreveu vários romances e é também criadora e produtora executiva da adaptação televisiva de Heartstopper, lançada na Netflix. O seu primeiro romance foi publicado quando Alice tinha 19 anos.

A Cor Púrpura de Alice Walker

Neste clássico da literatura americana, tão relevante quanto no ano da sua publicação, seguimos Celie, de 14 anos, órfã de mãe, abusada pelo homem a quem chama "pai", separada da irmã, privada dos dois filhos e oferecida em casamento a um homem que a maltrata. Como mulher negra que vive no Sul rural dos Estados Unidos durante o período de segregação racial, a jovem sofre os mais diversos tipos de violência, mas a sua vida muda após a chegada de Shug Avery, amante do seu marido que a ajuda a descobrir mais sobre si mesma.

Abordando a desigualdade entre os géneros, o racismo, a misoginia e a desigualdade social, a narrativa é construída através de cartas escritas por Celie a Deus e à sua irmã. O romance, publicado em 1982, foi várias vezes banido das bibliotecas nos EUA por retratar a homossexualidade. Em 1983, Walker tornou-se na primeira mulher afro-americana a ganhar um Prémio Pulitzer de ficção com este romance, que também ganhou o National Book Award e que foi adaptado ao cinema em 1985 por Steven Spielberg (e nomeado para 11 Óscares).

Género Queer de Maia Kobabe

É a autobiografia em banda desenhada de Maia Kobabe, que conta como explorou a sua identidade de pessoa não-binária e assexual. “Não quero ser uma rapariga. Não quero ser um rapaz. Só quero ser eu”, escreveu Maia num diário, quando tinha 15 anos, e depois no livro que aborda as primeiras memórias associadas ao género e sexualidade. É um dos livros mais vezes banidos das bibliotecas dos Estados Unidos da América.

Felix para Sempre de Kacen Callender

Felix Love é negro, queer e transgénero e, apesar do seu apelido, nunca se apaixonou. Até ao dia em que um estudante anónimo começa a enviar-lhe mensagens transfóbicas — depois de revelar o antigo nome de Felix e imagens dele antes da transição — e Felix se vê envolvido num triângulo quase-amoroso. Kacen Callender já recebeu inúmeros prémios pela sua escrita e por este romance em concreto.

Indomável de Glennon Doyle

É um dos poucos livros de não-ficção desta lista. Doyle (activista e filantropa, esposa e mãe de três filhos) transporta-nos para o dia em que se preparava para dar uma conferência quando conheceu o amor da sua vida, uma mulher. A partir daí, começou a ouvir a própria voz, que fora silenciada durante décadas de condicionamento cultural, vícios entorpecentes e lealdades institucionais. Decidiu construir uma nova vida, baseada nos seus desejos, intuições e imaginação e "reivindicar a sua autêntica e indomada individualidade".

O Meu Polícia de Bethan Roberts

É a história de um agente dos anos 1950, a sua mulher e o seu amante, que foi transformado num filme original da Amazon, protagonizado por Harry Styles e Emma Corrin. Tom é um polícia dividido entre Marion e Patrick, mas naquela época é-lhe mais fácil e confortável casar-se com Marion, iniciando-se assim um triângulo amoroso.

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