Bancadas da direita radical crescem ligeiramente após distribuição dos novos eleitos
Parlamento Europeu actualizou a projecção da composição das bancadas do hemiciclo, depois de contados todos os votos. Maioria pró-europeia com 56%, direita radical tem 18,6%
Com a contagem dos votos finalmente terminada em todos os países da União Europeia, o Parlamento Europeu actualizou, esta sexta-feira, a informação relativa à composição do próximo hemiciclo, e à distribuição dos eurodeputados eleitos pelos diferentes grupos parlamentares. Há ligeiros ajustes nos números de algumas bancadas, mas o panorama geral mantém-se inalterado face às projecções da noite eleitoral.
A grande coligação pró-europeísta formada pelos democratas-cristãos, sociais-democratas e liberais mantém uma confortável maioria absoluta de 56%, que agora estabilizou nos 406 votos e já não deverá variar muito mais, à medida que os novos partidos definirem o grupo a que vão pertencer no próximo Parlamento Europeu.
Em contrapartida, a dimensão das duas bancadas de direita radical e extrema, que, combinadas, têm 18,6%, com 134 lugares, ainda poderá crescer com a distribuição de alguns destes novos eleitos a favorecer principalmente o grupo da Identidade e Democracia, onde já está sentado o Chega. Mesmo assim, esse eventual crescimento não é suficiente para inviabilizar a grande coligação ao centro, e estabelecer uma minoria de bloqueio inultrapassável pelas forças moderadas e progressistas.
Novas formações de ultradireita como a Konfederacja, da Polónia, que elegeu seis eurodeputados; as romenas AUR e SOS, que, juntas, têm sete eurodeputados; ou os três eleitos espanhóis pelo Se Acabó La Fiesta, poderão transitar do grupo dos “Outros” para a bancada do Identidade e Democracia, após a reunião constitutiva do grupo parlamentar, marcada para 3 de Julho.
Na projecção actualizada do próximo Parlamento Europeu, o número de eleitos colocados no grupo dos “Outros” já baixou de 55 para 45. O grupo do Identidade e Democracia tem agora 58 membros, e os Conservadores e Reformistas Europeus, com 76, estão bem mais próximos dos liberais do Renovar a Europa, que tem 80 eurodeputados.
Se esta bancada nacionalista e eurocéptica aceitasse integrar os dez eurodeputados eleitos pelo partido Fidesz, da Hungria, que estão no grupo dos Não-Inscritos, tornar-se-ia a terceira maior do Parlamento Europeu.
Mas é muito improvável que essa decisão seja tomada (pelo menos para já), por causa da ameaça de deserções de vários dos actuais membros do grupo, em protesto contra a aliança do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin.
A posição de força foi assumida pela coligação do primeiro-ministro checo, Petr Fiala, pelos Democratas Suecos e o Partido dos Finlandeses, que estão nos governos dos respectivos países, e pelos belgas da Nova Aliança Flamenga (N-VA), que prevaleceu nas eleições legislativas que decorreram no país no mesmo dia das europeias.
As reuniões para a reconstituição dos grupos parlamentares arrancam no próximo dia 18 de Junho e este ano o processo será bastante competitivo. O Partido Popular Europeu, com 190 lugares, ainda não desistiu de alargar o seu domínio da câmara legislativa, com a adesão de novos partidos e a transferência de outros.
Os oito eurodeputados que foram eleitos pelo Movimento 5 Estrelas de Itália, que na actual legislatura estiveram na bancada dos Não-Inscritos, são alvo da cobiça do grupo dos Verdes e dos liberais.
Os primeiros reúnem-se já a 19 de Junho para formar o grupo; os segundos terão uma decisão muito difícil a tomar no dia 26 de Junho, sobre a permanência do Partido Popular da Liberdade e Democracia (VVD) dos Países Baixos, que rompeu o “cordão sanitário” contra a extrema-direita ao aceitar coligar-se com o populista radical Geert Wilders no Governo da Haia.