Marcelo promete na Suíça “mais atenção” às comunidades e admite 10 de Junho na Venezuela

Na Suíça, onde também esteve Luís Montenegro, o Presidente da República anunciou o sonho de celebrar o Dia de Portugal na Venezuela, em 2025, caso as condições políticas o permitam.

Foto
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, na Suíça ESTELA SILVA / LUSA
Ouça este artigo
00:00
04:22

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, prometeu esta quarta-feira à comunidade portuguesa na Suíça que pode contar com “mais presença e mais atenção” aos problemas que afectam os emigrantes portugueses pelo mundo, defendendo encontros regulares.

Discursando perante cerca de duas centenas de emigrantes em Zurique, no último evento das comemorações do 10 de Junho realizadas entre terça e quarta-feira na Suíça, Marcelo observou que este ano houve “algo de novo” nas celebrações junto das comunidades, normalmente alargadas, pois, em conjunto com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, manteve encontros “mais restritos”, para poder ouvir de representantes da comunidade os problemas desta.

“Hoje quisemos ouvir o que é que duas dezenas de luso-suíços, conselheiros das comunidades, conselheiros da diáspora, dirigentes associativos, responsáveis ou protagonistas podiam dizer, vindo de diversos cantões, acerca dos problemas da comunidade portuguesa na Suíça”, apontou, sublinhando que estes representantes “falaram em nome de 260 mil”, o número oficial de portugueses com cartão de cidadão radicados na Suíça.

“Falaram em vosso nome e disseram tudo o que preocupam aqueles que cá estão há 50, 60 anos, que se vão reformar e querem regressar a Portugal, falaram em nome daqueles da geração seguinte, que têm problemas no dia-a-dia, no associativismo, nos acidentes de trabalho, na relação com a economia, com a sociedade, nos problemas de impostos, do tratamento fiscal de um país e do outro”, disse, sintetizando que foram abordadas “inúmeras questões”.

O Presidente da República considerou a reunião – realizada à porta fechada imediatamente antes do evento de encerramento – muito útil, garantindo que há agora uma maior noção sobre as dificuldades que a comunidade enfrenta e de que há noção de que é preciso fazer mais para lhes dar respostas.

“Nós saímos daqui a saber mais sobre a comunidade portuguesa na Suíça. Saímos daqui a conhecer melhor os vossos problemas. Saímos daqui preocupados com a resposta que é preciso dar-vos, e, desde logo, com um compromisso: é que encontros como aquele que tivemos hoje, mais restritos para ouvir problemas, têm de ser constantes”, disse então, ainda que reconhecendo o esforço feito pela embaixada.

“Mas prometemos mais: prometemos ainda mais presença e mais atenção, por uma razão muito simples: porque é essa a nossa maneira de ser e é esse o compromisso que assumimos com este primeiro encontro”, disse.

No final do evento, em declarações à imprensa antes do regresso a Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que há plena sintonia com o primeiro-ministro, revelando que Montenegro, “na conversa com os conselheiros, quer da comunidade, quer da diáspora, respondeu, uma a uma, às várias questões, e são muitas”.

Marcelo anuncia sonho comemorar 10 de Junho na Venezuela em 2025

O Presidente da República anunciou esta quarta-feira o sonho de realizar as comemorações do Dia de Portugal no próximo ano junto da comunidade emigrante da Venezuela, mas admitiu não saber se haverá condições de o concretizar.

No final das comemorações do 10 de Junho na Suíça, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pela comunicação social se já tinha decidido os locais das comemorações do próximo ano, escusando-se inicialmente a responder, uma vez que ainda não tinha falado com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que estava ao seu lado.

O chefe do Governo disse que não se importaria com esse anúncio, pelo que o Presidente da República avançou: "Se o primeiro-ministro não se importa, ele percebe porque vou dizer isto, é um sonho que tenho há muito tempo".

"Se houver condições adoraria que fôssemos à Venezuela, é mudar de continente, é um sonho nosso, de uma comunidade que tem tantos anos e que tanto tem prestigiado do nome de Portugal", disse.

Questionado o que pensa desta ideia, Luís Montenegro disse que o momento era de balanço do Presidente da República, afirmando apenas compreender a intenção do chefe de Estado. "Compreendo bem a intenção do senhor Presidente da República de mais uma vez estar ao lado de uma comunidade que tem tido tempos difíceis", disse.

Quando assumiu a chefia do Estado, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa lançou, em articulação com o então primeiro-ministro, António Costa, e com a participação de ambos, um modelo inédito de duplas comemorações do 10 de Junho, primeiro em Portugal e depois junto de comunidades portuguesas no estrangeiro. A Suíça foi o sétimo país estrangeiro a acolher a celebração, após França (2016), Brasil (2017), Estados Unidos (2018), Cabo Verde (2019), Reino Unido (2022) e África do Sul (2023), sendo que em 2020 e 2021 só houve cerimónias em Portugal devido à pandemia da covid-19.