Agate de Sousa conquista terceira medalha para Portugal nos Europeus

Saltadora portuguesa foi terceira na final do salto em comprimento e ficou com o bronze.

modalidades,desporto,atletismo,
Fotogaleria
epa11406778 Portugal's Agate De Sousa celebrates after winning the bronze medal in the women's long jump final at the European Athletics Championships 2024 at Olimpico Stadium in Rome, Italy, 12 June 2024. EPA/FABIO FRUSTACI FABIO FRUSTACI / EPA
modalidades,desporto,atletismo,
Fotogaleria
Isabel Cutileiro
modalidades,desporto,atletismo,
Fotogaleria
Malaika Mihambo ganhou a final do comprimento em Roma Kai Pfaffenbach / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:22

Em 2021, Agate de Sousa não podia sair de Portugal para competir no estrangeiro porque, depois, não a deixariam entrar. Estava há dois anos no país, a estudar economia e a fazer atletismo, mas tinha a sua mobilidade limitada porque não tinha nacionalidade portuguesa. Para ela, que nasceu em São Tomé e Príncipe, as coisas andaram devagar. Mas ela continuou a voar cada vez mais longe e, já com a naturalização concluída, cinco anos depois de chegar a Portugal, e com a autorização da World Athletics na mão, Agate de Sousa entrou com estrondo no palmarés do desporto português, ao ficar com a medalha de bronze no último dia dos Europeus de atletismo de Roma.

Foi a terceira medalha portuguesa nestes Europeus, depois do bronze de Liliana Cá no disco e da prata de Pedro Pichardo no triplo, mas com a diferença de que esta foi obtida logo na sua estreia em grandes competições. A atleta do Benfica já tinha deixado boas indicações na qualificação e vinha creditada com um recorde pessoal de 7,03m (que é recorde de São Tomé), e a sua entrada na alta-roda não desiludiu. Nunca deixou de estar em posição de pódio (e até chegou a liderar o concurso) e esteve bem perto do seu melhor, garantindo a medalha com 6,91m.

A saltadora portuguesa abriu a final com 6,87m e era ela que liderava o concurso após a primeira ronda de saltos. Perdeu a posição cimeira para a favorita, a alemã Malaika Mihambo, que fez os dois únicos saltos da final acima dos sete metros (7,22m e 7,04m) e ainda foi passada pela francesa Hilary Kpatcha (novo recorde pessoal a 6,88m), mas Agate recuperou a prata com 6,91m ao terceiro ensaio.

A outra saltadora alemã desta final, Mikaelle Assani foi a primeira a ameaçar a posição da portuguesa, com um 6,91m ao terceiro ensaio, mas Agate beneficiou de ter o melhor segundo salto (6,87m contra 6,70m da alemã). Quem fez mais do que ameaçar foi a italiana Larissa Iapichino, que saltou a 6,94m no último ensaio e arrebatou a prata. A atleta treinada por Mário Aníbal, que ainda é o recordista português do decatlo, já não conseguiu responder, mas segurou uma brilhante medalha de bronze.

Com a exibição de Agate de Sousa, confirmam-se as melhores perspectivas sobre Portugal voltar a ter uma presença forte no comprimento feminino como já não se via desde os tempos de Naide Gomes, também ela natural de São Tomé. Agate já tinha garantido um lugar nos Jogos Olímpicos de Paris, mas esta marca que conseguiu em Roma aproximou-a do recorde nacional de Naide (7,12m), que foi duas vezes vice-campeã da Europa no comprimento e campeão mundial indoor no comprimento e no heptatlo.

A sua evolução tem sido espectacular. Em 2019, quando se mudou para Portugal, a sua melhor marca era de 6,05m. Começou por ser treinada por Mário Aníbal no Grupo de Atletismo de Fátima e mostrou competência em várias provas, mas com clara inclinação para os saltos horizontais. Em 2023, numa prova na Alemanha, ultrapassou, pela primeira vez, os sete metros, numa altura em que já representava o Benfica. Agora, já tem uma medalha em grandes competições e vai querer mais.

Isaac fora da luta

Este último dia dos Europeus de Roma prometia coisas boas para a comitiva portuguesa e essa promessa cumpriu-se apenas em parte, porque o outro candidato ao pódio, Isaac Nader, acabou por não se destacar na final dos 1500m. O atleta português esteve sempre bem colocado até à última volta e até tentou uma aceleração final na curva para a recta da meta, mas ficou sem gás nos últimos metros e terminou em 10.º (3m34,22s), talvez a sentir o esforço da meia-final, em que sofreu uma queda. Quanto ao vencedor, foi o norueguês Jakob Ingebrigtsen, sem qualquer discussão, com 3m31,95s, novo recorde dos campeonatos.

Nader foi o último dos portugueses em acção no derradeiro dia destes campeonatos. Antes, para além de Agate de Sousa, também houve presença portuguesa na final dos 4x400m, com o quarteto composto por Ricardo dos Santos, Ericsson Tavares, João Coelho e Omar Elkhatib a terminar em sexto, com um novo recorde nacional (3m01,89s).

Sugerir correcção
Ler 7 comentários