Mundo atinge recorde de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. Portugal é o sétimo país mais pacífico no mundo
O Índice Global da Paz 2024 concluiu o mundo atingiu o maior número de conflitos desde 1945, com um total de 56 activos. Portugal ocupa o lugar de sétimo país mais pacífico no mundo.
São 56 os conflitos activos actualmente no mundo, e 92 os países envolvidos em dissidências para além das suas fronteiras. É o maior número registado desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Os dados são do Índice Global da Paz (IGP) 2024, num relatório divulgado esta terça-feira baseado na situação geopolítica do ano passado.
Segundo o relatório, foram 97 países os que se deterioraram em termos de paz, mais do que em qualquer outro ano desde a criação do IGP em 2008. No total, a paz melhorou em 65 países.
O IGP coloca Portugal na sétima posição dos países mais pacíficos no mundo, quinto lugar em contexto europeu. Em primeiro lugar está a Islândia, seguida da Irlanda e Áustria. No fundo da tabela está agora o Iémen, que substituiu o Afeganistão, antecedido por países como o Sudão, Sudão do Sul, Afeganistão e Ucrânia.
El Salvador registou o maior progresso em termos de tranquilidade no IPG 2024, com uma melhoria de 8,87% na sua pontuação. As maiores deteriorações no ranking sucederam com Israel, Palestina, Equador, Gabão e Haiti.
Serge Stroobants, director para a Europa e o Médio Oriente do Instituto para a Economia e a Paz, responsável pelo IGP, defende, em declaração ao Diário de Notícias que “investir na paz é mais necessário do que nunca”.
“O conflito está no nível mais alto desde o final da Segunda Guerra Mundial, com 56 conflitos a ocorrerem em todo o mundo. Temos notado nos últimos anos que os pequenos conflitos têm tendência a internacionalizar-se, com a intervenção de atores regionais e globais, e por isso duram mais tempo e geram mais vítimas. Hoje, 92 países estão envolvidos num conflito para além das suas fronteiras e esse é o número mais elevado registado desde o início do Índice Global de Paz. Esta evolução gerou 162 000 mortes em combate no ano passado, com mais de 75% delas na Ucrânia ou em Gaza”, explica.
O director adiciona que “dos 56 conflitos em curso no mundo, 19 já duram há mais de uma década”. “Em conflitos como o da Ucrânia ou de Gaza, o sofrimento humano e a destruição têm de parar, o crescente impacto económico e financeiro tem de parar, é necessário desenvolver e assinar cessar-fogos duradouros e respeitados. A confiança, a segurança e o desenvolvimento precisam de ser restaurados através de mediação e negociações e a paz estrutural e sistémica precisa de ser construída”, refere Stroobants.
O impacto económico global da violência em 2023 foi de 19,1 biliões de dólares, o que representa 13,5% do PIB mundial. A militarização registou a maior deterioração anual desde o início do IGP, com 108 países a tornarem-se mais militarizados.
O relatório sublinha de igual forma que 110 milhões de pessoas estão "refugiadas ou deslocadas internamente devido a conflitos violentos”, sendo que 16 países acolhem actualmente mais de meio milhão de refugiados.