Abstenção nas europeias foi a mais baixa dos últimos 20 anos
Europeias continuam com abstenção acima dos 60%, mas voto em mobilidade terá contribuído para maior afluência.
A abstenção deste domingo foi a mais baixa em eleições europeias dos últimos 20 anos, ao situar-se em 62,5%. Isto significa que, dos 10,4 milhões de eleitores inscritos, 3,9 milhões decidiram ir às urnas.
É preciso recuar até às europeias de 2004 para encontrar um valor mais baixo do que este: 61,2%. Em 2019, a abstenção tinha alcançado um máximo histórico de 69,3%.
Ao longo do dia foi-se percebendo que a participação neste acto seria ligeiramente superior à de anos anteriores. A possibilidade de votar em qualquer mesa, independentemente do local de residência, terá contribuído para atrair mais eleitores às mesas. Essa era, pelo menos, a convicção do porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Fernando Anastácio. “Houve muita gente a exercer o voto em mobilidade. O facto de se estar fora do local onde se está recenseado e onde habitualmente votava podia ser um constrangimento a votar, por isso temos a expectativa que esta possibilidade tenha sido uma ferramenta que, de alguma maneira, tenha permitido uma redução da abstenção.”
O Presidente da República, que na véspera dramatizara no apelo ao voto, declarando que a Europa atravessa “a situação mais grave” nos “últimos 30 anos” e que “não votar é metermos a cabeça na areia”, congratulou-se a meio do dia com “o bom sinal” de haver mais gente a afluir às eleições.
Ainda assim, as europeias continuam a ser a eleição menos atractiva para os portugueses e há 30 anos que a abstenção não desce do patamar dos 60%. Desde 1994 que mais de metade dos eleitores (64,5% nesse ano) não se desloca à sua secção de voto. Na eleição anterior, em 1989, já a afluência não era famosa: 51,1%.
Em 1999 ainda houve um ligeiro recuo da abstenção (60,1%), mas desde então foi sempre a subir até aos 69,3% de 2019. Nesse ano, dos mais de 10,7 milhões de inscritos, apenas 3,3 milhões decidiram votar.