Palcos da semana: da Sardenha a Sintra, conteúdos para todos

Daniela Pes vem cantar Spira na semana em que (La)Horde dança Age of Content, Os Homens Morrem as Mulheres Sobrevivem em Ensemble e dois festivais cinquentões dão música e muito mais.

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Daniela Pes dá quatro concertos em Portugal DR
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Age of Content, pelo colectivo (La)Horde, no Rivoli Blandine Soulage
Teatro Nacional de São João
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Os Homens Morrem as Mulheres Sobrevivem, em estreia no Porto João Tuna
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Omar Sosa vem abrir o FIME - Festival Internacional de Música de Espinho Tom Ehrlich
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A ópera Na Colónia Penal faz parte do programa do 58.º Festival de Sintra Estelle Valente
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O que diz Spira

Daniela Pes, cantora italiana nascida na Sardenha, tem andado a enfeitiçar e intrigar crítica e público, num tom comparado a Lucrecia Dalt ou Julia Holter, mas mais enigmático. Faz música radicada na tradição folk, sustentada pela sua formação no jazz, espraiada em experiências electrónicas e cantada numa linguagem ela própria exploratória, que convoca o idioma milenar da sua ilha, mas que vai além dele e o (re)inventa.

Vem a Portugal para dar quatro concertos integrados numa digressão que passou, por exemplo, pelo Primavera Sound Barcelona. O motivo é a exibição de Spira, o auspicioso álbum-sensação de estreia que lançou, em 2023, pela Tanca Records.

Na era dos conteúdos

Gatinhos fofos, uma criança a precisar de um rim, dicas de bricolage, um bombardeamento em Gaza e proteína para alimentar a vertigem. Num simples scroll, conteúdos destes enfaixam-se uns nos outros, despertam emoções díspares e fazem sabe-se lá o quê a um cérebro (e corpo) humano a tentar processar. Esbatem-se fronteiras, criam-se avatares, afunilam-se os gostos.

Mais: estes “mundos virtuais já não são uma mera representação da realidade, têm uma existência própria e autónoma, com influência directa na forma como nos deslocamos e comunicamos”. Quem o diz é o colectivo (La)Horde que, à frente do Bailado Nacional de Marselha, investiga e dança o paradigma a que chamou Age of Content. Esse espectáculo, em que pede “movimentos emprestados à estética digital” para sobrepor e atravessar em palco essas múltiplas camadas da realidade e da identidade, vem ao Rivoli.

Wesker, elas e o Ensemble

Traição, vingança e mulheres que convidam, segundo Jorge Pinto, encenador d’Os Homens Morrem as Mulheres Sobrevivem, “a escutar o que têm a dizer do seu mundo muito próprio, autêntico e autónomo”, num “jogo da sua independência face aos universos que lhes são exteriores, o dos homens, por exemplo”.

São personagens de Arnold Wesker, dramaturgo britânico a que a companhia Ensemble - Sociedade de Actores retorna depois de já ter levado à cena as suas Cartas de Amor em Papel Azul (2005), Quando Deus Quis Um Filho (2006) e Primavera Selvagem (2019).

Desta vez, representa a(s) história(s) de Minerva, Misha e Claire, três mulheres reunidas em reflexões sobre os falhanços – e culpas e fantasmas – das respectivas relações. Emília Silvestre, Margarida Carvalho, Bárbara Pais e Afonso Santos compõem o elenco da peça que se estreia no Porto.

FIME a 50

Das teclas do pianista e compositor cubano Omar Sosa a “jazzar” com a Orquestra de Jazz de Espinho até à manifestação de activismo na voz de Dee Dee Bridgewater e seu quarteto vai mais uma prova da diversidade e qualidade a que o FIME - Festival Internacional de Música de Espinho tem habituado os seus frequentadores. E também de longevidade: esta é já a 50.ª edição.

Para a ocasião também estão convocados músicos como Mário Laginha & Pedro Burmester, Pierre Hantaï, Hiromi Uehara, Coro Gulbenkian ou Paquito D'Rivera, sem esquecer os concertos para os pequenos melómanos e suas famílias.

Sintra “de todos e de todo o mundo”

Não menos ecléctico e ainda mais longevo, o Festival de Sintra chega à 58.ª edição com dezenas de locais do concelho a postos para receberem, ao longo de dez dias, um programa que “expande a sua programação em novos horizontes” e que foi concebido para ser “de todos e de todo o mundo”, palavra de Martim Sousa Tavares, o director artístico.

Exemplos? A estreia moderna de Maria Vergine al Calvario, de Schiassi, pelo Ludovice Ensemble, uma caminhada-concerto com Tomás Wallenstein, a projecção do filme O Pianista, Um Piano pela Paz tocado pelo ucraniano Roman Lopatynskyi, a estreia nacional do Manchester Collective, a harpa de Mary Lattimore, uma ópera kafkiana com música de Philip Glass , um “duelo de pianistas” entre Fabrice Eulry e Pierre-Yves Plat e uma carta branca a András Schiff, entre outros momentos.

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