Biden e Macron discutem Israel e Ucrânia numa visita de Estado repleta de pompa
Líderes encontram-se em Paris pouco depois de celebrarem os 80 anos do Dia D.
Depois de comemorar o 80.º aniversário do Dia D, o Presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu o Presidente norte-americano, Joe Biden, em Paris, neste sábado, para uma visita de Estado marcada pela pompa e por conversações sobre comércio, Israel e Ucrânia.
A visita começou com uma cerimónia no emblemático Arco do Triunfo, onde os líderes prestaram homenagem no Túmulo do Soldado Desconhecido. Acompanhados pelas suas mulheres, Biden e Macron saudaram os veteranos do exército.
Escoltados por guardas franceses a cavalo, os líderes desceram a famosa Avenida dos Campos Elísios, a caminho do palácio presidencial do Eliseu, onde discutirão questões políticas e participarão num jantar. Os dois líderes partilham uma relação calorosa, apesar das tensões passadas sobre um negócio de submarinos com a Austrália. Biden recebeu Macron para uma visita de Estado na Casa Branca em 2022.
"A França é (...) o nosso mais antigo e um dos nossos principais aliados. E este será um momento importante para afirmar essa aliança e também olhar para o futuro e para o que temos de realizar juntos", disse o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, aos jornalistas no início desta semana.
Sullivan afirmou que as conversações entre os dois responsáveis incidirão sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia, a guerra de Israel contra o Hamas em Gaza, a cooperação no Indo-Pacífico e questões políticas que vão desde as alterações climáticas à inteligência artificial e às cadeias de abastecimento.
O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse que os dois países iriam anunciar um plano para trabalharem em conjunto na aplicação da lei marítima e que a Guarda Costeira dos EUA e a Marinha francesa iriam discutir uma maior cooperação.
NATO mais forte
Biden e Macron também deverão discutir o reforço da NATO e ambos prometeram o apoio dos seus países à Ucrânia, embora ainda não tenham chegado a acordo sobre um plano para utilizar os activos russos congelados para ajudar Kiev. Um funcionário do Tesouro dos EUA disse na terça-feira que os Estados Unidos e os seus parceiros do G7 estavam a fazer progressos nessa matéria.
Biden encontrou-se com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, em Paris, na sexta-feira, pedindo desculpa pelo atraso de meses do Congresso dos EUA na aprovação do último pacote de ajuda, e Zelensky dirigiu-se à Assembleia Nacional de França.
Durante um discurso no cemitério americano da Normandia, na quinta-feira, data do aniversário do ataque aliado contra os ocupantes alemães nazis nas praias francesas durante a II Guerra Mundial, Biden apelou às potências ocidentais para manterem o rumo com a Ucrânia.
Macron e Biden também falarão sobre a situação no Médio Oriente. Biden tem sido um firme apoiante de Israel, que está a combater o Hamas depois do ataque em Outubro, mas o elevado número de vítimas provocado pelas intervenções militares do Exército de Israel podem prejudicar parte da base eleitoral de Biden na luta eleitoral contra Trump.
Para além da Ucrânia, é provável que as questões comerciais entre os dois lados do Atlântico continuem a ser importantes.
A Lei de Redução da Inflação dos EUA, que Biden promulgou em Agosto de 2022, enfureceu os funcionários europeus, que a consideram uma medida proteccionista que retira investimentos às empresas da UE.
Macron afirmou, durante a sua visita de Estado a Washington em 2022, que o pacote de subsídios poderia "fragmentar o Ocidente" e enfraquecer a recuperação europeia pós-covid, numa altura em que Washington procura aliados contra a China e ambos os lados enfrentam a Rússia.
No entanto, ele e os aliados europeus obtiveram poucas concessões de Washington desde então, e os funcionários franceses dizem que o objectivo desta visita continua a ser tentar "ressincronizar" as agendas económicas dos EUA e da UE.