Antigo aliado de Orbán quer abrir caminho para derrotar o Fidesz
Tisza, partido recém criado por Peter Magyar, tem como principal objectivo derrotar Orbán e descongelar fundos da UE. O partido está em segundo nas últimas sondagens para as eleições europeias.
Os resultados das eleições europeias vão mostrar aos húngaros que o governo do primeiro-ministro Viktor Orbán pode ser substituído, disse à Reuters o político emergente Peter Magyar, depois de um comício de campanha com a presença de dezenas de milhares de pessoas na véspera das eleições.
A eleição de domingo para o Parlamento Europeu é o primeiro teste deste tipo para Magyar, um antigo membro do governo que se virou contra o regime de Orbán por causa do que diz ser a corrupção e propaganda estatais e que entrou na cena política da Hungria há apenas quatro meses.
As últimas sondagens colocam o apoio ao Fidesz, partido da direita radical de Orbán, com entre 44% e 48% dos votos, e o Tisza, o novo partido de centro-direita de Magyar, a situar-se em segundo lugar com entre 23% e 29%.
Caso o seu partido obtenha 20% ou 30% dos votos, "todos acreditarão que o governo pode ser substituído, mesmo aqueles que não acreditaram até agora", disse o político.
"Derrotámos a apatia", afirmou ainda Magyar, citado pelo jornal inglês The Guardian enquanto discursava para a multidão que se concentrou em Budapeste. "Damos esperança uns aos outros", disse ainda, tendo sublinhado que estavam "a construir um país onde não há direita, nem esquerda - apenas húngaros" e que o Tisza é o "verdadeiro partido da paz".
Embora o seu nome seja o primeiro da lista do partido às eleições, Magyar não tenciona ocupar um lugar no Parlamento Europeu caso seja eleito, preferindo permanecer na Hungria e lançar as bases para derrotar Orbán nas próximas eleições nacionais, previstas para 2026.
Magyar afirmou que vai começar a construir um partido a partir do que é actualmente, praticamente, um "one man show".
O advogado de 43 anos contou que os deputados do seu partido no Parlamento Europeu vão concentrar-se primeiramente em "trazer de volta" os fundos da União Europeia para a Hungria que estão actualmente congelados, apesar de o Governo ter a maioria dos instrumentos para o fazer.
A UE suspendeu uma grande parte dos fundos destinados à Hungria por Budapeste ter prejudicado os controlos e equilíbrios democráticos. "Esse dinheiro é realmente necessário, para as pequenas e médias empresas, para os agricultores, para o sistema de saúde e para a educação", disse Magyar à Reuters.
O seu partido proporá um mecanismo que verifique onde são gastos os fundos da UE antes e não depois de serem pagos, a fim de evitar qualquer utilização indevida.
De acordo com as sondagens, o Tisza pode contar com 6 ou 7 lugares no Parlamento Europeu. Magyar afirmou que os eurodeputados do Tisza terão como objectivo participar em comissões importantes para os húngaros, como a agricultura, a competitividade, as finanças, as questões ambientais ou os cuidados de saúde.
"É também por isso que estamos a ir para o Partido Popular Europeu, porque é o maior grupo parlamentar e é onde é mais fácil trabalhar pelos nossos interesses", disse Magyar.
O líder do PPE, Manfred Weber, foi citado pelo Politico esta semana como tendo dito que teria "muito gosto" em cooperar com o Magyar.