Caso das gémeas: mãe das crianças é ouvida no Parlamento a 21 de Junho

Daniela Martins foi contactada esta sexta-feira pelas autoridades e pretende viajar até Portugal. Na CPI diz ter “mais a perguntar do que a responder” e garante que o caso é “totalmente político”.

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A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) já concluiu que o acesso à consulta de neuropediatria destas crianças foi ilegal Miguel Manso
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A mãe das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma, no centro de um caso de suspeitas de favorecimento, vai ser ouvida na respectiva comissão parlamentar de inquérito (CPI) no próximo dia 21 de Junho. Daniela Martins disse, em entrevista ao programa Prova dos Factos, da RTP1, que foi contactada pelas autoridades esta sexta-feira e que pretende viajar até Portugal para prestar declarações aos deputados.

Daniela Martins diz que “tem mais a perguntar do que a responder” aos deputados na CPI e lamenta ter sido “envolvida" no que qualifica como uma "história totalmente política”. A mãe das gémeas garante ainda que não tem medo “nenhum” de ser constituída arguida na investigação judicial que corre paralelamente: “Não fiz nada de errado", insiste.

Até agora, foram constituídos arguidos António Lacerda Sales, ex-secretário de Estado da Saúde, e Luís Pinheiro, ex-director clínico do Santa Maria, mas há mais pessoas sob investigação da PJ, nomeadamente pelo crime de burla. Este último delito está relacionado com as suspeitas de que os pais das gémeas possam ter encenado uma vida em Portugal de modo a apressar o tratamento das crianças pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Sobre estas suspeitas, a mãe das gémeas comentou repetidamente em entrevista à RTP: “é bem absurdo”. “As meninas foram após o tratamento acompanhadas em diversos centros, inclusive no hospital, no centro de medicina do Alcoitão. Foram acompanhadas por uma equipa do próprio hospital Santa Maria, que ia periodicamente a minha casa”, justifica.

Do Ministério Público, Daniela Martins não recebeu qualquer contacto, mas soube que a Polícia Judiciária (PJ) esteve na casa onde chegou a viver em Portugal, durante o período de tratamento das filhas, e que foi entretanto arrendada a outros inquilinos. “Não entraram, não deixaram nenhuma comunicação”, disse, acrescentando que soube o sucedido através dos antigos vizinhos.

Desde que voltou ao Brasil, afirma já teve uma consulta com a médica que decidiu a passagem do hospital Lusíadas para o SNS, mas, diz, falaram apenas sobre temas relacionados com a saúde das crianças. “Infelizmente não houve oportunidade de eu fazer essas perguntas para tentar perceber melhor o motivo de toda essa história”, afirma.

Em causa está o tratamento das duas filhas de Daniela Martins, que adquiriram nacionalidade portuguesa e receberam, em 2020, o medicamento Zolgensma, através do SNS, com um custo de quatro milhões de euros. A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) já concluiu que o acesso à consulta de neuropediatria por par destas crianças foi ilegal.

Uma auditoria interna do Hospital Santa Maria concluiu que a marcação da primeira consulta hospitalar das crianças pela Secretaria de Estado da Saúde foi a única excepção ao cumprimento das regras neste caso.

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