Biden pede desculpa a Zelensky por atraso no envio de ajuda militar

Pacote de financiamento esteve retido no Congresso dos Estados Unidos durante seis meses, por iniciativa da ala radical do Partido Republicano.

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Joe Biden cumprimenta Volodymyr Zelensky à entrada para uma reunião em Paris, nesta sexta-feira Elizabeth Frantz / REUTERS
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O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu desculpa ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pelo atraso na aprovação de um novo pacote de assistência militar e humanitária dos EUA à Ucrânia, que foi desbloqueado em finais de Abril após seis meses de oposição do Partido Republicano.

À entrada para um encontro com Zelensky, em Paris, nesta sexta-feira — à margem das comemorações dos 80 anos do Desembarque na Normandia —, Biden referiu-se ao Presidente da Ucrânia como "um bastião contra a agressão em curso" no território ucraniano, e reafirmou a sua garantia de que os EUA vão permanecer ao lado do Governo de Kiev: "Continuamos empenhados. Completamente empenhados."

Em resposta, o Presidente ucraniano disse que as decisões de Biden "tiveram um efeito muito positivo" no terreno. "Não quero partilhar pormenores na presença dos media, mas há desenvolvimentos no terreno que temos de lhe fazer chegar."

Na mesma declaração, o Presidente dos EUA responsabilizou o Partido Republicano pelo atraso na aprovação de um pacote de assistência militar à Ucrânia no valor de 61 mil milhões de dólares (56 mil milhões de euros) — um pedido feito pela Casa Branca em Outubro de 2023 e que só recebeu luz verde do Congresso norte-americano em finais de Abril.

"Peço desculpa pelas semanas de incerteza sobre o que iria ser aprovado em termos de financiamento. Alguns dos nossos congressistas conservadores bloquearam a proposta", disse Biden.

Como acontece com todos os pacotes de assistência militar na ordem dos milhares de milhões de dólares, o envio de armas e outros equipamentos é feito de forma faseada, de acordo com as necessidades do Exército ucraniano no terreno. Nesta sexta-feira, o Presidente dos EUA anunciou também a retirada de 225 milhões de dólares (206 milhões de euros) do bolo original para "a reconstrução da rede eléctrica" ucraniana, destruída por ataques incessantes da Rússia nos últimos dois anos.

A aprovação do pacote de 61 mil milhões de dólares contou com a oposição de alguns congressistas republicanos da ala radical — um grupo minoritário, mas que tem conseguido impor-se nas decisões da Câmara dos Representantes devido à curta maioria do Partido Republicano.

Em Abril, ao fim de seis meses de impasse, o líder da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, tomou a decisão de enfrentar uma nova revolta na sua bancada — que já tinha levado ao afastamento do seu antecessor, Kevin McCarthy, em Outubro de 2023 — e pôs a votação a proposta de 61 mil milhões de dólares.

Aprovado por largas maiorias na Câmara dos Representantes e no Senado, contra a vontade da ala radical do Partido Republicano, o financiamento começou a chegar à Ucrânia em Maio.

O apoio da Administração Biden ao Exército ucraniano, após seis meses de um impasse que contribuiu para os ganhos da Rússia no terreno, foi reforçado na semana passada, quando Biden autorizou o uso de algumas armas dos EUA contra alvos em território russo, junto à fronteira com a Ucrânia.

Depois da reunião desta sexta-feira em Paris, Zelensky e Biden vão voltar a encontrar-se em Itália, no final da próxima semana, durante a cimeira do G7, em Apulia.

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