Portugueses em Roma por medalhas e lugares em Paris

Portugal terá a sua maior comitiva de sempre em Europeus de atletismo. Pichardo e Nader pensam em medalhas, outros na qualificação olímpica.

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Pichardo foi campeão europeu em Munique 2022 KAI PFAFFENBACH / REUTERS
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Há 42 anos, Portugal começou a ganhar medalhas em campeonatos da Europa de atletismo. Rosa Mota iniciou essa tradição com o triunfo na maratona em Atenas 1982 e, desde então, essa tendência não se quebrou, para um total de 38 posições de pódio, em que o ouro foi o metal mais conquistado (16). Nos Europeus que arrancam nesta sexta-feira em Roma, Portugal apresenta-se com argumentos atléticos para manter essa tradição de medalhas e de títulos. Mas esse não é o único objectivo da maior comitiva de sempre (50 atletas) em Europeus de atletismo. Em Roma também se corre e salta por um lugar nos Jogos Olímpicos de Paris – e, como as listas fecham a 30 de Junho, já não há muito tempo.

A liderar as esperanças portuguesas de medalhas em Roma está Pedro Pablo Pichardo, que vai defender a sua medalha de ouro no triplo salto conquistada há dois anos em Munique. Já sem a pressão da qualificação olímpica, que conseguiu em Abril passado na China depois de quase um ano sem competir, Pichardo é, ainda assim, uma relativa incógnita por tudo o que aconteceu nestes últimos meses, sobretudo um muito público conflito do atleta com o Benfica. Ainda assim, o atleta nascido em Santiago de Cuba apresenta-se em Roma como o segundo melhor dos inscritos, com uma marca de 17,51m na presente temporada, apenas atrás de Jordan Diaz, outro ex-cubano que compete por Espanha, com 17,55m.

Também no triplo, Tiago Pereira se apresenta com aspirações de uma boa posição, quem sabe um novo pódio depois do bronze nos Mundiais de pista coberta em Glasgow. O saltador do Sporting é o quarto melhor do ano entre os inscritos, com o salto que lhe valeu o bronze no início de Março (17,08m), mas esta é uma marca que não chega para estar em Paris – o mínimo está fixado em 17,22m – e ele vai precisar de bater o seu recorde pessoal (17,11m) por larga margem para repetir a presença olímpica de Tóquio.

Sem duas das atletas mais credenciadas, a lançadora Auriol Dongmo e a triplista Patrícia Mamona, que, em contexto europeu seriam candidatas ao título, Portugal tem em Isaac Nader uma boa hipótese de voltar a ter medalhas nas corridas de pista no sector masculino. O meio-fundista do Benfica tem a terceira melhor marca do ano entre os inscritos (3m30,84s) para os 1500m que também é recorde pessoal, feita há poucos dias em Oslo. O pupilo de Rui Silva está em boa forma – e cada vez mais próximo do recorde nacional do seu treinador, 3m30,07s – e isso vale-lhe um lugar entre os candidatos, embora seja difícil considerá-lo como um candidato numa prova onde estará presente o supercampeão Jakob Ingebrigtsen – mas o norueguês, como se viu nos recentes Mundiais de atletismo, não é invencível.

Numa comitiva reforçada com estafetas de 4x100m e 4x400m em masculinos e femininos (pela primeira vez Portugal tem quatro equipas de estafeta), há outros atletas portugueses que podem dar o salto para outros patamares. Falamos, por exemplo, de Pedro Buaró, que já elevou o recorde nacional do salto com vara a um bom nível (5,82m) e ainda está em progressão – em menos de um ano, acrescentou 11 centímetros à marca que servia como recorde nacional desde 2017, os 5,71m de Diogo Ferreira.

Outra atleta que pode surpreender é uma aquisição recente do atletismo português, Agate de Sousa, que se vai estrear por Portugal nestes Europeus de Roma no salto em comprimento – e já garantiu vaga nos Jogos Olímpicos. Natural de São Tomé e Príncipe, a saltadora do Benfica já tem a segunda melhor marca portuguesa de sempre (6,88m, que está abaixo do seu recorde pessoal, 7,03m), apenas atrás de Naide Gomes (7,12m), também ela nascida em São Tomé. É a terceira melhor do ano entre as participantes, apenas atrás das alemãs Malaika Mihambo (6,95m) e Mikaelle Assani (6,91m).

Também em boa forma está Irina Rodrigues, a segunda melhor do ano entre as inscritas no lançamento do disco (66,60m, recorde pessoal que deu qualificação para Paris). E, em Roma, Portugal volta a ter um representante no lançamento do disco, Emanuel Sousa, 70 anos depois de Manuel da Silva em Berna 1954.

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