Marco Martins: como desenhar um futuro possível

Por ocasião do centenário de Ulisses, o encenador foi convidado a trabalhar um episódio do livro de Joyce. No palco do São Luiz, Blooming questiona o regresso a casa com jovens institucionalizados.

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Caetano Machado, Fátima Costa, Halia Silva, Ian Parada e Liria Costa estão em palco e desfiam histórias, mais ou menos ficcionadas, sobre os seus percursos Nuno Lopes
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Traça-se uma linha no chão, a giz. Uma linha entre o presente e um futuro imaginado. Entre os 12, 13, 14, 15, 16 anos e uma, duas, três, quatro décadas à frente. É uma linha que custa a fazer, a inscrever no chão, porque entre o passado e o presente, entre os primeiros anos de uma infância acidentada e o agora destes jovens entregues aos cuidados de uma instituição, as suas linhas foram sinuosas, confusas, difíceis de imaginar como um traço único e a direito. Imaginam-se a viver numa ilha deserta, com filhos, ou sozinhos, na companhia apenas de cães. Houve casos, conta o encenador Marco Martins, em que esta pergunta sobre o futuro demorou dois meses a ser respondida. Havia uma incapacidade de elaborar a resposta, uma dificuldade em projectar a vida para além de um presente que já é nebuloso e difícil que chegue. O músculo da imaginação estava demasiado preso, o horizonte do amanhã demasiado colado ao dia ou à semana seguintes.

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