“Quantos é que nós somos”, ou o cinquentenário de Abril pelo INET na Casa da Achada

Com mesas-redondas, exposições e música ao vivo, o Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança celebra este sábado os 50 anos de Abril na Casa da Achada, em Lisboa

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Manifestações do 25 de Abril DANIEL ROCHA
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O ponto de partida é uma canção homónima de José Mário Branco, Quantos é que nós somos, publicada pela primeira vez em 1987 no LP Festa de Abril. Começa assim: “Andamos a ver se vemos/ O caminho a percorrer/ Entre o Abril que fizemos/ E o que está por fazer”. Adoptando o título como tópico, o INET-md (Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança) organizou uma série de debates para, afirmam, na perspectiva da investigação em música e dança, reflectir sobre temas como a canção de protesto ou de intervenção, a actividade de artistas em contexto de exílio ou asilo político, o papel das colectividades e associações como lugares de resistência, as artes participativas na construção de cidadania, entre outros.

Assim, para assinalar o lançamento oficial da Linha Temática Poder, Política e Activismo, o INET-md organiza este sábado em Lisboa, na Casa de Achada – Centro Mário Dionísio (aos Anjos), “um encontro na fronteira entre simpósio académico, debate público, almoço colectivo” que conta de três mesas-redondas, duas exposições e vários momentos musicais.

O encontro começa às 11h, com a mesa-redonda Música e Exílio em França (1933-1974), onde, ao longo de hora e meia, se procurará responder a estas questões: “Que papel teve a música nos movimentos de oposição à ditadura? Qual o impacto da experiência do exílio na criação musical? Como é que os músicos portugueses exilados em França reterritorializaram e aculturaram as suas práticas artísticas e políticas?” Nesta sessão, será apresentado o projecto de investigação EXIMUS - ‘É preciso avisar toda a gente’: Música e exílio em França durante o regime do Estado Novo (1933-1974), desenvolvido pelo INET-md (NOVA FCSH) e financiado pela FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia). Moderada por Pedro Rodrigues (Casa da Achada), participam no debate o musicólogo Manuel Deniz Silva, os etnomusicólogos Ricardo Andrade e Hugo Castro, e Agnès Pellerin (estudos culturais), todos do INET-md.

Depois do almoço (Cachupa do Tejo Bar, das 13h às 14h30), nova mesa-redonda, desta vez subordinada ao tema Música, Colectividades e Resistência (1974-2024), com Dulce Simões (antropóloga, INET-md), Iñigo Sánchez-Fuarros (etnomusicólogo, Institute for Heritage Sciences, INCIPIT-CSIC), Jéssica Chainho Pereira (socióloga, CIES, ISCTE) e Associação Sirigaita. O moderador será o etnomusicólogo Filippo Bonini Baraldi (INET-md).

A última mesa-redonda decorrerá entre as 16h30 e as 18h e tem por tema Poder, Política e Activismo nas Artes Participativas, com o intuito de discutir “de que formas é que a música, a dança, o teatro e a performance, são instrumentos de participação cívica desde a Revolução dos Cravos”. Participam Madalena Victorino (coreógrafa, Lavrar o Mar Cooperativa Cultural), Mikhail Karikis (artista, músico, projecto Sons de uma Revolução), Paula Lebre (investigadora em dança e inclusão, INET-md, FMH UL), Andrew Snyder (músico e investigador, INET-md) e, como moderador, o músico e investigador Alix Sarrouy (também do INET-md).

A música ao vivo, entre as 18h e as 20h, conta com Mili Vizcaíno, Fazel Sepand, Jon Luz, Andrew Snyder, Filippo Baraldi, Alix Sarrouy, Heriberto Rojas, Alcides Miranda, Donatello Brida e Afonso Albuquerque. As suas exposições são Seing Sounds, Drawing Migrations, com desenho etnográfico de Beatriz Machado e curadoria de Alix Didier Sarrouy; e Emigração, Exílio e Canção de Protesto, com coordenação de Hugo Castro, João Madeira, Ricardo Andrade e Susana Martins e produção do Observatório da Canção de Protesto.

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