Virginie Viard de saída da Chanel. Quem a sucederá na direcção criativa?

A criadora francesa era responsável pelas coleções de moda da maison francesa desde a morte de Karl Lagerfeld, em 2019. Poderá ser sucedida por Hedi Slimane, Pierpaolo Piccioli ou Sarah Burton.

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Virginie Viard na Semana da Moda de Paris em 2020 EPA/IAN LANGSDON
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É o fim de uma era na Chanel. A directora criativa Virginie Viard está de saída depois de cinco anos na liderança criativa da casa de luxo e mais de 30 depois de ter integrado a equipa de design da maison francesa. O novo director criativo “será anunciado em breve”, confirmou a empresa nesta quarta-feira à publicação especialista Business of Fashion.

A decisão foi comunicada, subitamente, na tarde desta quarta-feira às equipas de design da Chanel, sem que nada o fizesse antever, avança a mesma publicação. Mais tarde, a Chanel emitiu um comunicado em que confirma a sua saída, “após uma rica colaboração de cinco anos como directora artística das colecções de moda, durante os quais foi capaz de renovar os códigos da maison, respeitando a herança criativa da Chanel”.

O comunicado não avançava qualquer explicação sobre o motivo que terá levado à saída da criadora francesa que, para já, não reagiu publicamente — aliás, a página da designer no Instagram é privada. A Chanel acrescenta, ainda, que o desfile de alta-costura, agendado para 25 de Junho na Opera Garnier, em Paris, se manterá como planeado. “A Chanel gostaria de agradecer a Virginie Viard pela notável contribuição para a moda, criatividade e vitalidade da Chanel”, termina.

Foi durante a liderança de Virginie Viard — ao leme desde 2019, quando morreu Karl Lagerfeld — que a Chanel atingiu níveis históricos de vendas. Em 2023, a empresa dos irmãos Wertheimer, Alain e Gerard, registou 19,7 mil milhões de euros em lucros, uma subida de 75% face a 2018. Então, a CEO Leena Nair declarou que pretendiam “manter” a estratégia da marca, apesar do abrandamento global na procura dos bens de luxo. “Do ponto de vista do consumidor e da marca, a Virginie tem contribuído imenso”, completou Philippe Blondiaux, director financeiro da etiqueta.

Com a assinatura (e um toque de punk) de Virginie Viard, a Chanel modernizou-se, mas sem desvirtuar a assinatura da fundadora Gabrielle Chanel ou do muitíssimo aclamado Karl Lagerfeld. Os clássicos fatos em tweed adoptaram silhuetas mais descontraídas e jovens, bem como os acessórios que foram além das clássicas malas Boy. Contudo, alguns críticos acusavam-na de mudar constantemente de direcção, sem uma linha condutora aparente, à medida que os preços continuam a escalar.

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Karl Largerfeld e Virginie Viard EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

O que se segue?

Virginie Viard, que nasceu em 1962, em Lyon, neta de produtores de seda, chegou acidentalmente à moda: depois de estudar design teatral, estagiou com o figurinista Dominique Borg. Em 1987, entrou na Chanel como estagiária de design, recomendada pelo camareiro do príncipe Rainier do Mónaco e rapidamente se tornou responsável pelo departamento de bordados da casa, mantendo-se próxima de Karl Lagerfeld.

A proximidade era tal que Virginie acompanhou Lagerfeld na Chloé, quando o alemão assumiu também a direcção criativa desta marca. Em 2000, regressou oficialmente à Chanel como coordenadora da alta-costura e das colecções de acessórios. “Ela é meu braço direito e o meu braço esquerdo”, dizia Karl Lagerfeld.

A francesa foi a primeira mulher ao leme da Chanel desde Coco Chanel e agora desconhece-se o que reservam os próximos meses, com os entusiastas de moda já a fazerem apostas sobre quem será o futuro director criativo. Para já, os principais nomes na corrida são o italiano Pierpaolo Piccioli, que saiu da Valentino em Março e continua “livre” no mercado, ou a britânica Sarah Burton, que deixou a Alexander McQueen no final de 2023.

Mais: há vários anos que as publicações de moda especulam que Hedi Slimane poderá estar a caminho da Chanel, mas a casa de luxo tem negado constantemente todos os rumores. O francês já passou pela direcção criativa da linha masculina da Dior e pela Yves Saint Laurent. Agora, está na Celine desde 2018, mas poderá estar a negociar uma possível saída, dizem as publicações especializadas.

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