Festivais Gil Vicente mostram em Guimarães a “nova geração criativa” do teatro

Blackface, de Marco Mendonça, abre esta quinta-feira o festival, que recebe até dia 15 peças de Sara Inês Gigante, Bruno dos Reis, Mickaël de Oliveira, Keli Freitas e Mário Coelho.

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Blackface, de Marco Mendonça JOANA LINDA
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Os Festivais Gil Vicente iniciam-se esta quinta-feira, em Guimarães, com a peça Blackface, de Marco Mendonça, numa edição que quer mostrar o trabalho teatral de uma "nova geração criativa".

"Em palco, encontraremos uma riqueza estética, poética e política proposta por uma nova geração criativa, que assume sem rodeios esse lugar de questionar a existência humana", diz o director artístico dos festivais, Rui Torrinha, citado em comunicado.

Blackface é um espectáculo-performance sobre a prática com o mesmo nome, que começou a ser usada por brancos, no século XIX, para representar pessoas negras escravizadas, e que consistia em pintar a cara de negro, disse à agência Lusa, aquando da estreia em Lisboa, em Novembro, o actor e encenador Marco Mendonça. Em Guimarães, vai ser apresentado no Centro Cultural Vila Flor (CCVF), às 21h30. O Ípsilon considerou-o o melhor espectáculo de teatro do ano passado.

No dia seguinte, o CCVF recebe a estreia de Popular, trabalho com o qual Sara Inês Gigante venceu a sexta edição da Bolsa Amélia Rey Colaço. A peça pega na ideia de uma suposta fronteira que separa "tipos de público e tipos de público-alvo", propondo uma "fusão" entre o que "seria um espectáculo popular e um dito erudito", através de "uma brincadeira" em torno do que a autora deveria fazer "para se tornar numa artista popular", como disse a criadora à Lusa no mês passado.

No sábado, é apresentada a peça Vi o Ayrton Senna morrer nos olhos do meu irmão, de Bruno dos Reis, com música ao vivo do Quarteto da Orquestra Filarmonia das Beiras.

Os Festivais Gil Vicente prosseguem no dia 13 com Ensaio técnico, de Mickaël de Oliveira. Um dia depois, Keli Freitas estreia a peça Volta para a tua terra, vencedora da segunda edição do Projecto CASA. Nela a actriz e autora brasileira coloca um conjunto de questões sobre o que significa fazer parte de um país: "O que é ser cidadã, cidadão? Pertencer a uma terra e apenas nela ter o direito a exercer a sua cidadania? Onde fica a 'minha' terra? E a 'tua' terra, onde é? Quem ou o quê tem o poder de definir onde é a terra de alguém? É possível localizar o começo de alguma história?".

I'm Still Excited, de Mário Coelho, encerra os Festivais Gil Vicente no dia 15.

Com organização conjunta de A Oficina, do município de Guimarães e do CAR - Círculo de Arte e Recreio, o evento vai contar ainda com oficinas de escrita com Marco Mendonça, Bruno dos Reis e Keli Freitas, para além de conversas com os participantes e visitas a escolas.