Biden diz não apoiar entrada da Ucrânia na NATO
Declarações contrariam promessas feitas por outros líderes ocidentais. Presidente dos EUA vai estar com Volodymyr Zelensky nos próximos dias em França e Itália.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, disse não apoiar a integração da Ucrânia na NATO, mesmo depois de um hipotético acordo de paz com a Rússia.
As declarações de Biden foram feitas durante uma entrevista à revista Time publicada na terça-feira, no mesmo dia em que o Presidente norte-americano chegou a França para participar nas cerimónias de comemoração do Dia D.
Questionado sobre que contornos teria um acordo de paz que pusesse fim à invasão da Ucrânia pela Rússia, Biden começou por dizer que o objectivo é “assegurar que a Rússia nunca, nunca, nunca, nunca ocupa a Ucrânia”. “E isso não significa a NATO, que eles [Ucrânia] façam parte da NATO”, acrescentou Biden de seguida.
O Presidente dos EUA disse não estar “preparado para apoiar a ‘natificação’ da Ucrânia” e que encara uma futura relação como a que existe com “outros países, em que fornecemos armas para que se possam defender”.
A posição de Biden contrasta com as sucessivas promessas de outros líderes de países da Aliança Atlântica, incluindo do próprio secretário-geral, Jens Stoltenberg, que repetidamente tem dado esperanças a Kiev de que a integração será uma realidade, ainda que longínqua.
O próprio Biden, noutras ocasiões, apesar de rejeitar uma entrada imediata da Ucrânia na NATO, defendia a sua adesão no futuro, em período de paz.
No ano passado, houve a expectativa de que a cimeira de Julho, em Vílnius, pudesse servir para que fosse formalizado o pedido de adesão da Ucrânia à NATO, mas isso não aconteceu. Na altura, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou os membros da aliança por terem desperdiçado uma oportunidade histórica e acusou-os de dar à Rússia “uma motivação para continuar o seu terror”.
É provável que as declarações de Biden voltem a ser mal recebidas em Kiev e que sejam abordadas nas conversas com Zelensky nos próximos dias. Esta será também a primeira ocasião em que os dois líderes vão estar frente a frente depois da aprovação do pacote de assistência militar no Congresso e da autorização para o uso de armas ocidentais contra alvos em território russo.
Em França, Biden vai encontrar-se com Zelensky à margem das cerimónias relacionadas com a II Guerra Mundial, de acordo com o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
Depois disso, o Presidente norte-americano irá voltar a cruzar-se com o homólogo ucraniano durante a cimeira do G7, em Itália, entre 13 e 15 de Junho, mas Biden já fez saber que não irá participar na conferência de paz organizada por Kiev na Suíça no fim-de-semana seguinte.