Desta vez, o Europeu sub-17 não caiu para os portugueses

Pela táctica, pela técnica ou pelo físico, a Itália foi claramente melhor do que Portugal e o resultado final até pecou por escasso.

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Portugal e Itália em duelo no Chipre Yiannis Kourtoglou / REUTERS
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Portugal é o segundo país com palmarés europeu mais recheado no futebol masculino sub-17, mas, nesta quarta-feira, não deu para os portugueses. A selecção nacional perdeu a final do Euro 2024 da categoria, com uma derrota frente à Itália, por 3-0.

Para Portugal, poderia ter sido o sétimo título, mas vai continuar nos seis. Para os italianos, esta é a primeira conquista no escalão, depois de três finais perdidas (2013, 2018 e 2019).

Em Chipre, a selecção portuguesa pareceu ter alguma incapacidade de decifrar o desenho táctico italiano e isso custou-lhe dois golos logo na primeira parte e deu também alguma incapacidade, nos primeiros minutos, de entender como criar perigo.

Quando começou a jogar já era tarde, até porque a dimensão física do jogo também não lhe iria sorrir. Os italianos pareceram não apenas mais fortes fisicamente no plano individual como também mais frescos, porventura devido à maior rotatividade que foram fazendo na equipa durante a competição.

Pela táctica, pela técnica ou pelo físico, a Itália foi claramente melhor.

4x4x2 losango

Portugal entrou para esta final com um 4x2x3x1 em processo defensivo, que até era quase sempre um 4x4x2. E, em rigor, parecia mais um 4x2x4, tal era a avidez com que Mora, Gabriel, Quenda e Eduardo Fernandes faziam a pressão.

Portugal era atraído à pressão e isso “queimava” logo quatro jogadores. Caso a bola saísse “limpa” entre linhas ficariam apenas dois médios para os quatro médios italianos.

Esta dinâmica aconteceu vezes sem conta, com Portugal totalmente inadaptado ao 4x4x2 losango da Itália – sistema pouco utilizado actualmente e que pode, em parte, explicar o mau comportamento português sem bola.

Com as referências de marcação permanentemente trocadas e a linha de pressão batida, Portugal teve de lidar com constantes transições italianas. Uma, aos 7’, deu espaço para um cruzamento e cabeceamento certeiro de Coletta ao segundo poste. Outra, aos 15’, deu o tal espaço entre linhas e bola na profundidade para Camarda, que seguiu em jogada individual, driblou dois adversários e fez o 2-0. Camarda pareceu fora-de-jogo, mas a defesa portuguesa pareceu fora do jogo, pela passividade com que foi batida.

Mora entrou no jogo

Portugal ainda poderia ter sofrido mais um par de golos, até à fase em que começou a perceber que a chave para bater um losango era forçá-lo a abrir-se.

Os laterais portugueses, mais em jogo, obrigaram os médios-interiores italianos a abrirem sem bola, algo que dava, depois, mais espaço para Mora receber na zona central. O jogador do FC Porto começou a ter mais bola e dar mais qualidade a Portugal, que podia, depois, ter também mais espaço nos corredores.

Sempre com Mora a ver o jogo de frente, Portugal conseguia espaço para isolamentos aos extremos, com remates perigosos de Quenda, da direita para o meio, e Eduardo Fernandes, da esquerda para o meio.

Aos 50’, quando tentava colocar mais gente em zona ofensiva, Portugal perdeu a bola e deixou-se ficar com cinco jogadores a passo e um a “trote”. Os italianos, sem especial oposição, foram inventando um lance bem desenhado, que acabou com bola vertical para Camarda. E finalizou bem na cara de Diogo Ferreira.

A partir daqui houve pouco jogo. Portugal, até por claro défice físico, teve pouca capacidade para ir atrás do jogo e os italianos não queriam mais do que o 3-0, tendo, ainda assim, criado alguns lances de perigo.

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