Biden diz que Netanyahu pode estar a prolongar a guerra de Gaza com objectivos políticos
Biden volta a lançar criticas ao primeiro-ministro de Israel
O Presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pode estar a prolongar o fim da guerra em Gaza por razões políticas, numa entrevista à revista Time divulgada na terça-feira.
As declarações na entrevista foram feitas alguns dias antes de Biden detalhar uma proposta de cessar-fogo em Gaza, e numa altura em que o primeiro-ministro israelita se debate com profundas divisões políticas a nível interno e com a crescente pressão internacional.
Questionado sobre se achava que Netanyahu estava a prolongar a guerra por razões políticas, Biden disse: “Há todos os motivos para as pessoas tirarem essa conclusão”. Biden, que tem vindo a insistir no fim da guerra de quase oito meses, disse, porém, que era “incerto” se as forças israelitas tinham cometido crimes de guerra em Gaza.
O Presidente dos EUA rejeitou as alegações de que Israel está a usar a fome de civis como método de guerra, mas disse: “Acho que se envolveram em actividades que são desapropriadas. As pessoas em Gaza, os palestinianos, sofreram muito, por falta de comida, água, medicamentos, etc.. E muitas pessoas inocentes foram mortas.”
Biden disse que alertou Israel para não cometer o mesmo erro que os EUA cometeram após os ataques de 11 de Setembro de 2001, que levaram a “guerras sem fim”.
Questionado sobre se queria esclarecer a resposta de Biden, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, citado pelo jornal, The Guardian, disse: “Penso que o Presidente foi muito claro na sua resposta e deixaremos o primeiro-ministro [Benjamin Netanyahu] falar sobre a sua própria política. O Presidente estava a referir-se ao que muitos críticos disseram.”
O porta-voz do Governo israelita, David Mencer, questionado sobre a entrevista, disse que estava “fora das normas diplomáticas de todos os países que pensam correctamente” que Biden fizesse tais comentários sobre Netanyahu.
No mês passado, o procurador do Tribunal Penal Internacional na Haia solicitou mandados de captura para Netanyahu e o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, bem como para três líderes do Hamas, por alegados crimes de guerra.