Palcos da semana: Primavera de festivais, Cruz e coragem ao alto

Numa semana dominada pelo Primavera Sound, também cabem três concertos de Sílvia Pérez Cruz, uma nova Mãe Coragem em Lisboa, arte urbana na Covilhã e futuros do teatro em Guimarães.

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Mitski traz ao Primavera Sound o aplaudido The Land Is Inhospitable and So Are We Ebru Yildiz
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Maria João Luís é Mãe Coragem na versão encenada por António Pires Jaime Freitas
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Sílvia Pérez Cruz vem apresentar Toda la Vida, Un Dia Alex Rademakers
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O 11.º Wool - Covilhã Arte Urbana expande a galeria a céu aberto da cidade beirã DR
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Marco Mendonça abre a 36.ª edição dos Festivais Gil Vicente com Blackface Joana Linda

Agora é que são elas

Lana del Rey traz as canções despojadas de Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd e espicaça a curiosidade sobre Lasso, o álbum country que há-de lançar no final do Verão. Mitski regressa com o aplaudido The Land Is Inhospitable and So Are We. Não menos aclamado tem sido I Inside the Old Year Dying, o último da dama do indie-rock PJ Harvey. SZA contribui com o toque R&B de SOS e novidades prometidas. Não faltam mulheres ao topo de “um cartaz que grita ‘girls to the front!’, como faz questão de sublinhar a organização do Primavera Sound.

Partilham-no com outras grandes atracções, como os senhores do britpop Pulp, os The National a carimbarem mais uma passagem por cá, Justice com electro-toque francês para dançar e ainda Ethel Cain, Julie Byrne, Obongjayar, Arca, Billy Woods, Blonde Redhead, Lambchop, Amaura, Conjunto Corona, Expresso Transatlântico, Samuel Úria e muitos outros – no total, são perto de 50 concentrados em três dias.

Mãe em luta e luto

A actriz Maria João Luís encarna a vendedora ambulante que, com a sua carroça e seus três filhos, vai lucrando o que pode no meio da devastação da guerra, tomando decisões facilmente questionáveis por quem observa, mas muitas vezes inevitáveis em nome da sobrevivência, até quando a tragédia está demasiado próxima para ser percebida.

O absurdo, a luta sem sentido e a promiscuidade entre horror e negócio manifestam-se em Mãe Coragem, a obra-prima antiguerra que o dramaturgo alemão Bertolt Brecht escreveu, em 1939, num gesto de resistência à ascensão do nazismo. A versão que agora se estreia em Lisboa é encenada por António Pires, injectada de poemas de José Saramago e musicada por Miguel Sá Pessoa e João Sampayo.

Ciclo da vida em Cruz

Com um álbum circular e cheio de cúmplices. Foi assim que Sílvia Pérez Cruz, a premiada cantora e compositora catalã que gosta de casar o flamenco com o jazz e de os levar por sonoridades sul-americanas, voltou aos escaparates no ano passado.

Forjado ainda em confinamento, Toda la Vida, Un Dia tem a imagem de um círculo logo na capa, a indiciar que é o ciclo da vida que lhe dá os tons, os conceitos e até as cores. “Cada um dos cinco movimentos representa uma etapa: infância, juventude, maturidade, velhice e renascimento”, detalha Cruz. É composto por 21 músicas, em que participaram cerca de 90 músicos, incluindo Pepe Habichuela, Carmen Linares, Maro e Salvador Sobral.​

Futuros Gil Vicente

Impulsionados pela produção nacional e, este ano, atravessados por uma ideia de futuro que encapsula promessas e inquietações, os Festivais Gil Vicente avançam para a 36.ª edição com “uma riqueza estética, poética e política, proposta por uma nova geração criativa, que assume sem rodeios esse lugar de questionar a existência humana e seus hábitos sociais”, adianta Rui Torrinha, o director artístico.

Importa, por exemplo, ser Popular, título e tema de uma das estreias absolutas: a peça com que Sara Inês Gigante ganhou a Bolsa Amélia Rey Colaço. A outra é Volta para a Tua Terra, em que Keli Freitas, brasileira a viver em Portugal, “desafia as ideias de imigração e pertença”.

Entre a abertura, com o Blackface desconfortável de Marco Mendonça, e o descer da cortina, com Mário Coelho a assinar um rompimento em tom de festa chamado I'm Still Excited!, vão ainda à cena Vi o Ayrton Senna Morrer nos Olhos do Meu Irmão, por Bruno Reis, e Ensaio Técnico, de Mickaël de Oliveira, bem como conversas e oficinas com alguns dos criadores, que também visitam escolas.

​Arte urbana ao alto

O centro histórico da Covilhã, uma galeria a céu aberto desde que o Wool lhe começou a enfeitar fachadas, muros e empenas em 2011, prepara-se para mais uma investida do festival de arte urbana. Na 11.ª edição, o roteiro cresce por acção de uma comitiva de seis street artists: o italiano Millo, o espanhol SpY, o compatriota Isaac Cordal, a brasileira Mura, a dupla luso-polaca Mots e a portuguesa Daniela Guerreiro.

O festival não fica só a olhar para as paredes: promove uma conferência, conversas com artistas, oficinas, visitas guiadas, exposições, filmes, jogos, murais participativos e outras actividades que envolvem a comunidade local, sem esquecer o reforço da programação musical visível no encontro de Ana Lua Caiano com as Adufeiras da Casa do Povo do Paul e também de Silly com Fred.

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