Navio militar chinês em Timor-Leste para reforço da cooperação na área da Defesa

China e Timor elevaram recentemente a sua cooperação bilateral para um novo nível, a que chamaram “parceria estratégica abrangente”, numa altura de grande competição entre potências no Pacífico Sul.

Foto
O navio da Marinha chinesa Quijiguang vai permanecer em Díli até segunda-feira Miguel Madeira
Ouça este artigo
00:00
02:55

Um navio da Marinha da República Popular da China atracou em Díli na quinta-feira no âmbito do reforço da cooperação do sector da Defesa entre os dois países, informaram as Forças de Defesa de Timor-Leste num comunicado divulgado esta sexta-feira.

O navio da Marinha chinesa Quijiguang vai permanecer em Díli até segunda-feira. Segundo o vice-chefe do Estado-Maior General das Forças de Defesa de Timor-Leste, o major-general Calisto Santos “Coliati”, a presença da embarcação militar já é uma “tradição” para “fortalecer a cooperação”, principalmente na área da capacitação.

“A visita dos nossos parceiros da China a Timor-Leste faz parte da tradição das duas Marinhas e vai decorrer até 3 de Junho. Isso indica uma expansão da cooperação entre a China e Timor-Leste”, afirmou o major-general, citado no comunicado.

Durante a sua estada em Díli, os marinheiros chineses vão visitar o Instituto Nacional de Defesa, a componente naval das Forças de Defesa, em Hera.

Segundo as autoridades chinesas, citadas pela agência de notícias estatal Xinhua, as visitas a Timor-Leste e também ao Camboja fazem parte de um programa de treino dos cadetes da Marinha do país, durante o qual farão exercícios conjuntos com os seus parceiros.

“A missão visa melhorar as capacidades de operação prática dos cadetes oficiais da Marinha e fortalecer a cooperação pragmática e a confiança mútua da Marinha chinesa com as Marinhas dos dois países para contribuir para a construção de uma comunidade marítima com um futuro partilhado”, refere a Xinhua, citando o Ministério da Defesa chinês.

A China e Timor-Leste elevaram em Setembro de 2023 as relações bilaterais para uma “parceria estratégica abrangente”, o segundo nível mais alto no protocolo da diplomacia chinesa, em linha com a Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative ou BRI, segundo a designação oficial chinesa

A BRI é uma iniciativa de infra-estruturas e de investimentos lançada pela China em 2013, inspirada na antiga Rota da Seda, que se tornou no principal programa de política externa do Governo chinês e do Presidente Xi Jinping, e à qual já aderiram 150 países.

O acordo foi assinado entre o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, e o Presidente chinês à margem da cerimónia de abertura dos Jogos Asiáticos, evento multidesportivo que se realiza a cada quatro anos.

Durante o encontro, foi também proposta a criação de um grupo de trabalho para a cooperação na área da Agricultura e para o desenvolvimento de infra-estruturas de Timor-Leste, bem como o aumento do intercâmbio de recursos humanos e o fortalecimento da cooperação cultural, educacional e profissional.

A presença do navio de guerra chinês em Timor e o reforço da cooperação militar entre Díli e Pequim acontece numa altura de grande competição entre a China e os Estados Unidos e os seus aliados na região alargada do Pacífico Sul.

Em resposta ao lançamento do AUKUS (2021), uma parceria de segurança entre EUA, Reino Unido e Austrália, cujo primeiro objectivo é fornecer à Marinha australiana uma frota de submarinos movidos através da tecnologia americana de propulsão nuclear a partir de 2030, a China tem procurado fechar acordos de cooperação militar e policial como pequenos Estados insulares da região.

Sugerir correcção
Comentar