Israel diz que guerra em Gaza durará até ao fim do ano

Conselheiro de segurança de Netanyahu antevê mais sete meses de operações militares. Casa Branca afirma que ataques em Rafah não ultrapassam “linha vermelha” imposta pelos EUA.

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EUA dizem que não estão a "fechar os olhos" às vítimas civis na Faixa de Gaza Hatem Khaled / REUTERS
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Os combates na Faixa de Gaza durarão até ao fim do ano, de acordo com o chefe do Conselho Nacional de Segurança de Israel, Tzachi Hanegbi, em declarações à rádio pública israelita Kan esta quarta-feira.

"Esperamos mais sete meses de combate para reforçar a nossa conquista e concretizar o que definimos como a destruição das capacidades militares e de governação do Hamas e da Jihad Islâmica", afirmou o conselheiro do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Hanegbi revelou ainda que Israel controla já 75% do corredor junto à fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egipto, acrescentando que, "com tempo", controlá-lo-ão totalmente.

A ideia de que os combates na Faixa de Gaza iriam demorar tem sido, segundo o New York Times, passada para o público nos últimos tempos. No entanto, esta afirmação de Hanegbi vem contrariar a previsão inicial feita pelo primeiro-ministro de Israel, que disse que o seu país estava "à beira da vitória".

A última ofensiva israelita em Rafah veio desafiar uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça, que instou o país a cessar a ofensiva que mantém sobre a zona de Rafah, no Sul do enclave.

Porém, para os Estados Unidos, os últimos ataques israelitas não ultrapassaram a “linha vermelha” imposta pelos norte-americanos a Israel, segundo afirmou o porta-voz da Casa Branca para a segurança nacional, John Kirby, numa conferência de imprensa realizada na terça-feira.

Há 20 dias, o Presidente dos EUA, Joe Biden, tinha prometido que pararia com o envio de armas se Israel levasse a cabo uma "invasão maciça" a Rafah. No entanto, para a Casa Branca, a operação não ultrapassa os limites norte-americanos para interromper a ajuda militar, já que não se verificou uma “grande operação no terreno”.

“Não os vimos entrar com grandes unidades, grande número de tropas, em colunas e formações, numa espécie de manobra coordenada contra múltiplos alvos no terreno”, disse Kirby, dando assim uma definição para o tipo de operação no terreno a que se referia.

Os avanços no terreno surgem depois de os bombardeamentos israelitas num campo de deslocados em Rafah terem provocado a morte de, pelo menos, 45 pessoas.

O New York Times informou esta quarta-feira que as bombas utilizadas no campo de Rafah eram bombas do modelo GBU-39, fabricadas nos Estados Unidos. Segundo o jornal, representantes norte-americanos têm apelado para que Israel utilize este tipo de bomba, que, dizem, reduz o risco de mortes entre os civis.

Esta quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse, durante uma visita à Moldova, que não podia confirmar se as armas fornecidas pelos EUA foram utilizadas por Israel no seu último ataque mortal em Rafah mas garantiu que estava em curso uma investigação.

Quando questionado por um jornalista presente sobre quantos mais “corpos queimados” é que o Presidente Joe Biden iria tolerar, o porta-voz da Casa Branca disse estar “ofendido” com a questão e negou que a Casa Branca estivesse a “fechar os olhos” às vítimas civis.

“Não queremos ver mais nenhuma vida inocente a ser levada”, afirmou Kirby, acrescentando que “nenhuma vítima civil é o número certo de vítimas civis”.

A Casa Branca informou ainda na terça-feira que o cais militar temporário construído pelos Estados Unidos ao largo da costa da Faixa de Gaza teve de ser temporariamente removido devido ao facto de parte se ter quebrado devido às condições meteorológicas.

Noutra conferência de imprensa realizada na terça-feira, a porta-voz adjunta do Pentágono, Sabrina Singh, adiantou que os navios utilizados para estabilizar o cais foram afectados por "ondas fortes" na região, levando a que se soltassem das âncoras, no sábado. Em resultado disso, parte do cais separou-se na terça-feira, levando à necessidade de o remover para reparações.

“A reconstrução e a reparação do cais demorarão pelo menos uma semana e, depois de concluídas, o cais terá de ser ancorado de novo à costa de Gaza”, afirmou Singh.

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