Cais flutuante de Gaza fora de serviço duas semanas, danificado por ondulação forte

Agravam-se os constrangimentos à entrada ajuda humanitária em Gaza. Ofensiva israelita prossegue na zona de Rafah.

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O cais móvel de Gaza, aqui fotografado durante a sua construção, tinha entrado ao serviço em meados de Maio ISRAEL DEFENSE FORCES / VIA REUTERS
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Durou pouco mais de uma semana. O cais flutuante construído ao largo de Gaza pelo Exército norte-americano, que visava contornar os bloqueios terrestres à entrada de ajuda humanitária no enclave palestiniano, foi danificado pela ondulação forte e ficará pelo menos duas semanas fora de serviço, anunciou esta terça-feira o Pentágono.

No domingo, a agitação marítima desancorou parte considerável do cais, que está agora a ser removido e rebocado para o porto israelita de Ashdod, onde será reparado. Já na véspera, o mau tempo no Mediterrâneo Oriental tinha obrigado ao desvio para Israel de dois navios militares norte-americanos envolvidos na operação humanitária.

O cais tinha entrado em actividade a 17 de Maio, dois meses após a ideia de contornar por mar o bloqueio israelita à Faixa de Gaza ter sido anunciada pelo Presidente norte-americano Joe Biden. A estrutura custou cerca de 320 milhões de dólares (cerca de 293 milhões de euros) e estava ancorada na zona norte do enclave.

É a peça-chave de uma operação internacional de entrega de ajuda humanitária que utiliza Chipre como plataforma logística, onde alimentos, medicamentos e outros produtos doados por diversos países e organizações são reunidos e enviados para Gaza, onde entram através do cais norte-americano. A mercadoria é depois distribuída à população palestiniana pelo Programa Alimentar Mundial, após ter sido inspeccionada pelas tropas israelitas.

As Nações Unidas e diversas organizações humanitárias, bem como o Hamas, têm vincado que o envio de ajuda alimentar por via marítima não é suficiente e não substitui a entrada de mercadoria por via terrestre, fortemente condicionada desde o encerramento do posto fronteiriço de Rafah pelas forças israelitas, que prosseguem com uma ofensiva militar naquela zona do Sul de Gaza.

Segundo a Reuters, cerca de 100 camiões provenientes do Egipto entraram no território palestiniano na segunda-feira através do posto de Kerem Shalom, na fronteira tripartida com Israel. A agência noticiosa indica, contudo, que a distribuição da mercadoria pela população está a ser dificultada pela forte actividade militar na zona. Em todo o caso, os cerca de 100 camiões que chegaram a Gaza no início da semana estão longe dos 600 por dia que a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) considera serem necessários para combater a fome em Gaza.

A interrupção da entrada de ajuda pelo cais norte-americano do Norte de Gaza vem agravar um cenário humanitário já dramático, na mesma terça-feira em que a zona de Rafah sofreu a segunda tragédia em poucos dias em acampamentos de deslocados. Depois do ataque israelita de domingo, em que morreram pelo menos 45 pessoas e que motivou forte condenação internacional, outras 21 foram mortas esta terça-feira numa segunda explosão na qual Israel nega qualquer responsabilidade.

Os Estados Unidos, que nas últimas semanas tinham expressado oposição a qualquer operação militar israelita de grande envergadura em Rafah, disseram esta noite, através do porta-voz para a segurança nacional John Kirby, não "ver" indícios de uma ofensiva em larga escala em curso.

Mais de 34 mil palestinianos morreram na invasão israelita de Gaza desde o agudizar do conflito israelo-palestiniano em Outubro, na sequência dos ataques do Hamas a Israel, que resultaram em mais de um milhar de mortes e no rapto de duas centenas de pessoas.

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