Moedas fala de “percepção” de maior insegurança em Lisboa e exige mais polícias ao Governo
O presidente da Câmara de Lisboa foi ao Ministério da Administração Interna pedir mais polícias, guardas-nocturnos e visibilidade para a PSP. Saiu a dizer que está “em grande sintonia” com a ministra.
Carlos Moedas considera que se vive “um momento difícil” em Lisboa e que “há uma percepção” de que existe “menos segurança na cidade”. Foi por isso que, esta quarta-feira, esteve reunido com a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco. À saída do encontro, no Ministério da Administração Interna (MAI), o presidente da Câmara Municipal de Lisboa afirmou, aos jornalistas, que pediu à ministra mais polícias nas ruas e contou que ambos estão “em grande sintonia” quanto ao diagnóstico sobre a segurança na cidade.
Mais polícias nas ruas de Lisboa tem sido uma exigência que Carlos Moedas (Novos Tempos) tem vindo a fazer ao longo do seu mandato. O próprio, depois da reunião com a ministra, nesta quarta-feira, disse que já tinha transmitido ao anterior Governo que eram necessários mais polícias na cidade.
“Precisamos de mais polícias municipais e vim aqui, como já tinha dito à senhora ministra e ao anterior Governo, [transmitir que] precisamos de mais 200 polícias municipais. Até agora, só recebemos 25”, afirmou. A cerimónia de recepção desses 25 novos elementos da Polícia Municipal aconteceu há cerca de uma semana nos Paços do Concelho, em Lisboa.
A Polícia de Segurança Pública (PSP) terá sido outro dos temas de conversa com a actual responsável pela pasta da Administração Interna, que não prestou declarações aos jornalistas após o encontro. Moedas considera que “a visibilidade da Polícia de Segurança Pública diminuiu muito e os lisboetas sentem-se inseguros por isso”. “Temos de ter maior visibilidade”, notou. “Se não há visibilidade, então as pessoas sentem que não estão acompanhadas.”
Um dos passos para dar essa maior visibilidade à polícia e que levou à reunião com a ministra foi a nova esquadra que abrirá na zona da Avenida da Liberdade. Essa nova esquadra foi anunciada no dia da recepção dos 25 novos elementos da Polícia Municipal e, nessa ocasião, Moedas indicou que juntará a PSP e a Polícia Municipal no mesmo local, nomeadamente na Praça da Alegria. “Dentro das próximas semanas vamos conseguir [a abertura da nova esquadra], há sempre uma questão burocrática, mas a ordem do presidente já foi dada”, afirmou, citado pela agência Lusa.
Esta quarta-feira, depois da reunião no MAI, voltou a mencionar a nova esquadra. “Temos sentido uma percepção de insegurança em sítios como a Avenida da Liberdade. Daí ter lançado a ideia de uma esquadra aí”, reforçou. Sem mencionar quais, o autarca indicou que têm sido mais os locais na cidade em que se tem sentido uma “percepção que as coisas estão piores”.
Por fim, outro dos assuntos que terá levado consigo ao MAI foi a necessidade de mais guardas-nocturnos na cidade. Neste momento, a Câmara de Lisboa tem em curso a revisão do regulamento destes profissionais de segurança. “Em conjunto, tudo isto trará mais segurança para Lisboa”, considerou.
Sobre todos os pontos levados para a reunião, Moedas refere que está em “grande sintonia” com a ministra Margarida Blasco e que “estão de acordo com o diagnóstico de que é preciso mais polícias na rua”. O presidente da Câmara de Lisboa informou ainda que teve garantias de que a autarquia vai trabalhar com o Governo num plano de segurança para a cidade.
Centro para sem-abrigo deverá ser anunciado em breve
À saída da reunião, Moedas abordou ainda o pedido de ajuda que fez ao primeiro-ministro e ao Presidente da República para o ajudarem a encontrar soluções para o aumento de pessoas em situação de sem abrigo nas ruas da capital. O autarca apelou ao Governo para que se crie um centro temporário de acolhimento para essas pessoas, onde tenham acesso aos serviços da Protecção Civil, da Cruz Vermelha, da Santa Casa da Misericórdia e da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).
O presidente da Câmara de Lisboa diz que espera conseguir anunciar na próxima semana esse centro de acolhimento, para que pessoas que “estão na rua” e “não têm documentos” possam ser tratadas com “dignidade”. “Preciso que o Governo faça a sua parte”, notou.
Nas últimas semanas, Carlos Moedas tem vindo a solicitar apoio na resolução dos problemas das pessoas em situação de sem abrigo em Lisboa. Antes do pedido de ajuda ao primeiro-ministro e ao Presidente da República, tinha também pedido a colaboração de outros autarcas da Área Metropolitana de Lisboa. Já esta terça-feira tinha dito estar à espera de “ter notícias em breve do Governo” para a resolução conjunta do problema.
“Estamos a trabalhar com um grupo de trabalho para conseguir resolver ao nível metropolitano, mas preciso de uma solução imediata, urgente, para aquilo que se está a passar nos Anjos, em Arroios, porque é absolutamente inaceitável para a cidade”, sublinhou, citado pela agência Lusa, referindo-se ao jardim junto à igreja dos Anjos, onde dezenas de pessoas têm pernoitado em tendas, sobretudo migrantes.