Numerário e débitos directos são os meios de pagamento mais baratos para particulares

Cartões de pagamento são os mais caros para os consumidores, que no total dos meios de pagamento suportaram 1095,2 milhões de euros em 2022.

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Pagamentos em dinheiro estão a aumentar, depois de forte redução nos anos da pandemia Miguel Manso
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A utilização dos diferentes meios de pagamento, desde o numerário aos electrónicos, custou aos particulares 1095,2 milhões de euro (a preços correntes), em 2022, mais 39% do que em 2017. Os dados são do Banco de Portugal (BdP), e constam de um estudo sobre os custos dos instrumentos de pagamento de retalho.

Já os custos totais com os instrumentos de pagamento de retalho, para particulares, empresas, instituições financeiras, entre outros, ascenderam a 2,2 mil milhões de euros, o que representa 0,95% do PIB nominal em 2022. Um montante que corresponde a um valor per capita de 219 euros, um agravamento de 20% relativamente a 2017 (data de referência da anterior edição deste estudo).

A quase totalidade dos custos (mais de 90%) foi suportada pelos comerciantes e pelo sistema bancário (52% e 39%, respectivamente),assumindo os consumidores os restantes 9%.

Para os particulares, o estudo divulgado esta terça-feira revela que “apesar de o número de pagamentos realizados com numerário ter diminuído 28% entre 2017 e 2022, os custos dos consumidores com este instrumento aumentaram 21%, com o custo unitário da utilização de “dinheiro vivo” (inclui os encargos associados ao tempo necessário para efectuar o pagamento e as comissões bancárias) a subir de seis para 11 cêntimos.

“O numerário e os débitos directos continuaram a ser os instrumentos com menores custos unitários para os consumidores”, continuando os cheques a ser o instrumento com maior custo unitário, com um aumento de 13%, revela o estudo, realizado com a periodicidade de cinco anos.

O numerário também ganha como “o meio mais seguro para os cidadãos”, referiu Maria Tereza Cavaco, do BdP, na conferência “SPIN - Sobre Pagamentos e Inovação”, onde foi apresentado o estudo. Esta responsável salvaguardou que há sempre o risco de roubo da carteira, mas a fraude é maior nos cartões ou outros meios de pagamento electrónico, o que é explicada pela baixa literacia financeira de muitos particulares e a elevada sofisticação dos burlões.

Outra das informações relevadas por Maria Tereza Cavaco é de que os pagamentos em numerário têm vindo a aumentar, aproximando-se dos valores pré-pandemia.

Os cartões de débito (incluindo os cartões pré-pagos) foram, em termos absolutos, o instrumento de pagamento com encargos mais elevados para os consumidores, tendo os custos aumentado 56% entre 2017 e 2022, passando de 300,7 milhões de euros para 468,8 milhões de euros, o que se deveu, em grande medida, ao crescimento expressivo da utilização do cartão de débito.

Os custos suportados pelos consumidores incluem os encargos associados ao tempo necessário para efectuar o pagamento e as comissões bancárias, sendo que, globalmente, os custos com comissões bancárias ascenderam a 885,3 milhões de euros e representaram 81% dos custos totais dos consumidores, mais quatro pontos percentuais do que em 2017.

Receitas aumentaram 31,4%

As receitas para o sistema bancário pela disponibilização dos instrumentos de pagamento cresceram 31,4% em 2022, face a 2017, para 1215,9 milhões de euros, e superaram os custos suportados.

Esta evolução, adianta o estudo, “é impulsionada pelo aumento significativo das comissões cobradas através dos pacotes de gestão e manutenção de contas (mais 85,8%), as quais representaram 40,7% das receitas totais em 2022”.

Neste domínio, os cartões de pagamento foram os instrumentos que mais contribuíram para as receitas bancárias, gerando 73% da receita do total, como o numerário a manter-se como o instrumento mais custo-eficácia para o sistema bancário, gerando um custo de 10 cêntimos por pagamento, mais dois cêntimos do que em 2017. Segue-se os débitos directos (13 cêntimos), o cartão de débito (14 cêntimos), os cartões pré-pagos (18 cêntimos) e as transferências a crédito (22 cêntimos).

Os instrumentos com maior custo unitário para o sistema bancário foram o cheque (3,55 euros), o cartão de crédito (2,18 euros) e as transferências imediatas (2,09 euros).

Os comerciantes suportam um custo estimado de 1520,2 milhões de euros com a aceitação de pagamentos de retalho, o que traduz um aumento de 19% em relação a 2017, com o numerário, à semelhança dos anos anteriores, a implicar maiores custos (56,2% dos encargos), seguido dos cartões de pagamento (37,7%), sendo menores nos débitos directos, nos cheques e nas transferências a crédito.

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