São Dykes on Ice, é Sónia Baptista a meter gelo no medo

O olhar exterior sobre o lesbianismo é dito em voz alta – para se tomar consciência da violência e poder rir dela e arriscar um final feliz. No TBA, de quinta-feira a domingo.

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Sónia Baptista (à direita) e Joana Levi investigam a experiência lésbica: das agressões (incluindo as micro) às estratégias para as ultrapassar
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Chega-nos a voz de Sónia Baptista, mas apenas a voz. As cortinas estão fechadas, escondem-na, talvez seja melhor que Sónia não se deixe ver. Porque a invisibilidade inicial da criadora e intérprete de Dykes on Ice não é tanto atributo de super-heroína – embora pudesse bem ser, que isto da violência do quotidiano tem muito que se lhe diga e exige, muitas vezes, poderes transcendentais que não se descarregam em qualquer app. Esta invisibilidade é, sobretudo, mais estratégia de protecção de quem se sabe alvo fácil e sistemático da opressão dos outros (também conhecidos como aqueles que querem o mundo todo igual a eles mesmos). E é também extensão desse olhar intimidatório, castigador, estereotipado. Quando se é alvo, muitas vezes desaparece-se da vista, como mecanismo de sobrevivência.

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