Kim Gordon traz a sua “juventude sónica” a Lisboa, em Novembro

A histórica baixista, guitarrista e vocalista dos Sonic Youth dá um concerto em nome próprio no Capitólio a 11 de Novembro, pela mão da ZDB. Vem com o novo álbum, The Collective.

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Kim Gordon lançou o segundo disco a solo em Março – um dos melhores que já ouvimos este ano DR
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Autora de um dos melhores discos da primeira metade de 2024 e referência incontornável do rock americano, Kim Gordon, a histórica baixista, guitarrista e vocalista dos igualmente históricos Sonic Youth (1981-2011), a cantora e compositora em nome próprio que faz tremer e mover a música rock muito para além da sua antiga banda, regressa a Portugal para um concerto em Lisboa, no Cineteatro Capitólio, a 11 de Novembro, às 21h30. Os bilhetes, a 32€, ficam à venda a partir das 11h desta quinta-feira, na plataforma online BOL.

Promovido pela Galeria Zé dos Bois (ZDB) – que em 2012 já havia trazido a artista a Portugal acompanhada por Ikue Mori, ex-baterista dos DNA, colegas dos Sonic Youth no processo revolucionário que se vivia na Nova Iorque da década de 1980 com as múltiplas actividades sísmicas do no wave –, este concerto, data única, acontece numa altura em que Kim Gordon está numa das melhores versões de si. Viva e inventiva, no alto dos seus 71 anos.

Prova disso é The Collective, o segundo álbum a solo lançado no início de Março (avaliado pelo Ípsilon com quatro estrelas e meia), que será o foco principal da sua actuação no Capitólio.

Sem fazer turismo pelo passado, sem ceder ao facilitismo de “a idade ser um posto” e à preguiça de continuar a experimentar dentro do próprio cânone que ajudou a construir, como têm feito os ex-Sonic Youth Thurston Moore e Lee Ranaldo (preguiça bem-feita, mas preguiçosa na mesma), Kim Gordon aventura-se pelo trap e pela electrónica brutalista, pela música industrial e pelo noise.

Em The Collective, a guitarrista, letrista e compositora americana dá corpo a cruzamentos inesperados, de onde emergem canções que mostram como continua a ser uma extraordinária designer do ruído, entre beats, auto-tune e distorção de variadas fontes. “Noutra perspectiva, The Collective pode ser a música de guitarras – porque elas continuam aqui – a alimentar-se do presente, a metamorfosear-se, a desprender-se de uma cartilha normativa”, escrevíamos na crítica ao disco.

Kim Gordon, também autora do livro A Miúda da Banda (2016), continua a carregar uma “juventude sónica” – e esperamos vê-la novamente em cima dos amplificadores a fazer barulho e magia com a guitarra, como a vimos, de botas prateadas e figura invejável para qualquer idade, no festival Amplifest, no Porto, em 2013, onde esteve presente com o seu projecto Body/Head.

A Lisboa chegará uns dias depois das eleições presidenciais americanas. Vamos estar a precisar de ruído e taquicardias do bem.

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