“Temos um Governo em campanha permanente”, mas “sem estratégia”, acusa Pedro Nuno

Líder do PS aproveita o arranque da campanha eleitoral para as europeias para criticar Luís Montenegro.

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Marta Temido e Pedro Nuno Santos antes do comício na Incrível Almadense JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA
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Pedro Nuno Santos acusou nesta segunda-feira o Governo de "viver em campanha permanente, sem estratégia, sem visão e sem coerência" e de fazer "vários conselhos de ministros por semana" quando algo lhe corre mal ou para tapar os sucessos socialistas.

O secretário-geral do PS, que falava no comício de arranque da campanha eleitoral na Incrível Almadense, lamentou que a única estratégia de Luís Montenegro seja a de um "Governo que vive em intenso combate ao Governo anterior e não se preocupa de envergonhar o país a nível europeu". Ilustrou com os exemplos de ter havido ministros da AD a falar em Bruxelas de contas públicas "calamitosas" e que Portugal se arriscava ser retirado do espaço Schengen e "terem que ser comissários europeus" a vir "contrariar os dois".

O líder socialista puxou mão das ironias para dizer que o Governo faz conselhos de ministros quando "sai uma sondagem que não lhe é agradável", ou quando o PS tem um agendamento marcado no Parlamento – como aconteceu com a proposta do complemento solidário para idosos – ou o "cabeça de lista tem uma má prestação na TV", ou ainda por começar a campanha eleitoral (como nesta segunda-feira, para reverter medidas do PS). No entanto, acrescentou, "grande parte das medidas já foram tomadas ou iniciadas pelo Governo anterior".

Sobre as medidas para a habitação aprovadas nesta segunda-feira, Pedro Nuno Santos criticou a falta de diálogo do executivo, contrariando a promessa de Montenegro. "Tinham prometido que ia haver diálogo, chegaram a reunir com os grupos parlamentares, trouxeram os powerpoint... mas a única coisa que fizeram foi simular diálogo porque uma semana depois, sem dar tempo para os grupos parlamentares darem propostas, fazem um Conselho de Ministros para as aprovar. O que era importante era haver um a marcar o início da campanha."

"Ser socialista ou ser outra coisa à direita não é a mesma coisa", apontou Pedro Nuno, afirmando que o PS quer uma "Europa industrial", mas não se sabe o que quer a AD. "O Governo leva 60 dias. Quantas vezes os ouvimos falar de estratégia? Foi incapaz de dizer o que quer para a indústria portuguesa; não sabemos qual a visão deles em matéria de economia em Portugal e na Europa. Sabemos que querem baixar o IRC e mais nada." E vincou: "Não há qualquer governo do PSD que se aproxime dos governos do PS – é assim em Portugal e na Europa."

Falando das diferenças entre as propostas de redução do IRS do PS e da AD para realçar que o executivo de Montenegro governa para os que mais ganham, Pedro Nuno procurou vincar que são "duas visões [contrárias] da economia, da família, da governação, do desenvolvimento europeu e da posição de Portugal na Europa".

Pedro Nuno Santos subira ao palco com rasgados elogios a Marta Temido, permitindo-se até brincar com a sua altura – "é a mais alta das candidatas" – para falar do conhecimento que tem do funcionamento da Europa que "nenhum outro cabeça de lista tem". Dela disse que "se dá bem com o povo", fez trocadilhos – é "temível na rua e em campanha" – e explicou o seu sucesso: criou uma "relação" com os portugueses por causa da pandemia e "foi testada como poucos" políticos.

"É alguém que conhece a UE e a forma como funciona como mais nenhum cabeça de lista. Sabe o que é um Conselho Europeu. A Marta sabe, como mais ninguém sabe, porque esteve lá nos momentos mais críticos. Esteve a propor, não esteve a assistir", vincou Pedro Nuno numa forma de criticar a falta de experiência do concorrente directo Sebastião Bugalho. O líder do PS também disse que um dos desafios da ex-ministra da Saúde é o de lutar pela liberdade na Europa - uma luta que passa também pela Ucrânia e por Gaza, disse, levantando um forte aplauso na plateia que enchia a Incrível Almadense.

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