“Uma das grandes preocupações é a paz”: o que querem os jovens nestas eleições europeias?

O debate do PSuperior abordou temas que interessam aos mais jovens (e não só) na União Europa. Ter candidatos sub-30 nas listas dos partidos não é sinónimo de mais representação — mas ajuda.

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Debate PSuperior sobre as eleições europeias Nuno Ferreira Santos
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A duas semanas das europeias, três jovens juntaram-se para discutir as razões que talvez levem 77% dos portugueses até aos 30 anos a irem votar a 9 de Junho, caso se concretizarem as previsões do mais recente Eurobarómetro.

O auditório do PÚBLICO, em Lisboa, foi o local escolhido para discutir a crise da habitação, os salários baixos e a falta de progressão nas carreiras. Mas não é (só) isto que querem ouvir nos debates televisivos. Bernardo Alexandre Rodrigues, ex-dirigente estudantil, Henrique Gil, representante dos estudantes universitários no Conselho Consultivo da Juventude (CCJ) e a bioquímica e comunicadora de ciência Rita de Almeida Neves foram os convidados do debate do PSuperior, mediado pela jornalista da secção de política do PÚBLICO Liliana Borges.

Antes de avançarem para os temas, os convidados começaram por destacar dois nomes da lista de candidatos a eurodeputados destas eleições. Os cabeças de lista Sebastião Bugalho, da AD, e Francisco Paupério, do Livre, têm os dois menos de 30 anos, o que não significa automaticamente que os mais jovens se sintam mais representados.

Henrique Gil destaca que “é positivo e um sinal de mudança” tendo em conta que é a primeira vez que um jovem é cabeça de lista às europeias. Contudo, ressalva, “a idade não é um posto”. E integrar jovens nas listas para convencer os jovens que votam pode não resultar.

“São cabeças de lista porque são jovens ou têm competências?”, questionou, acrescentando que é ainda importante perceber, no decorrer do mandato que agora se avizinha, se os dois eurodeputados vão tentar defender os interesses que dizem representar em Bruxelas ou optar pela estratégia de “fazer corpo presente”.

Em relação aos temas direccionados aos jovens, os três convidados defendem que estão a ser "aligeirados" por todos os candidatos. Para Rita de Almeida Neves, os mais novos são um eleitorado diverso e com preocupações diferentes na hora de votar. Assim, apresentar uma série de “propostas para os jovens”, como acontece com alguns partidos, não responde às preocupações de uma faixa etária que não é homogénea.

“Todos os temas acabam por estar ligados ao eleitorado jovem. Aliás, uma das grandes preocupações dos jovens é a paz e a União Europeia é a grande ponte agregadora numa altura em que vivemos vários conflitos”, completou.

Bernardo Rodrigues e Henrique Gil tocaram noutros pontos. O primeiro destacou que a geração mais jovem é a mais bem formada e sabe o que pode (e não está a ser feito) para que se sinta valorizada. O segundo relembrou que Portugal é o país que está a envelhecer mais na União Europeia e a nação com os jovens que saem mais tarde de casa dos pais.

Segundo Bernardo, como não há previsão para os preços dos imóveis baixarem, parte do problema da habitação poderia ser resolvido com um aumento dos salários, disse, citando o exemplo dos Países Baixos. Henrique discorda. “Agarrar em bons exemplos e importá-los pode não resultar em Portugal porque não temos o mesmo poder de compra. O problema da habitação não são só os preços, está também ligado ao turismo.”

Depois da geração Erasmus, qual será o próximo grande projecto europeu?

O programa de Erasmus +, que existe desde 1987, foi outros dos temas do debate. Os convidados reconheceram que foi o projecto europeu que marcou as gerações europeias mais jovens, mas poder estudar fora do país já é para muitos um dado adquirido. “Como vivemos nesta dinâmica de mobilidade garantida, eles já nem conseguem imaginar outra situação. Além de europeus, há jovens que se sentem do mundo graças à Internet e redes sociais e acho que a União Europeia teria peso se optasse por se tornar uma referência de informação”, defende Rita de Almeida Neves.

Bernardo Rodrigues não tem ideia sobre qual será o próximo projecto europeu, mas acredita que não deveria ser só para os jovens. Para Henrique Gil, “a Europa não pode ser feita só de projectos”, conclui.

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