China, Coreia do Sul e Japão discutem segurança e economia em Seul

Primeiro-ministro chinês, Presidente sul-coreano e primeiro-ministro japonês tiveram encontros bilaterais. Na segunda-feira realiza-se a primeira cimeira entre os três chefes de governo desde 2019.

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Yoon Suk-yeol, Presidente da Coreia do Sul (à direita), recebeu o primeiro-ministro da China, Li Qiang YONHAP / POOL / EPA
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O primeiro-ministro chinês Li Qiang comprometeu-se a relançar um diálogo diplomático e de segurança e a retomar as negociações de comércio livre com o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, e conversou sobre as tensões em torno de Taiwan com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.

Os líderes dos governos destes países asiáticos tiveram reuniões bilaterais este domingo, em Seul, um dia antes da primeira cimeira a três em mais de quatro anos.

Coreia do Sul e Japão, aliados dos Estados Unidos, estão a tentar gerir da melhor maneira a desconfiança crescente na rivalidade entre Pequim e Washington e nas tensões regionais sobre Taiwan.

As expectativas para a cimeira trilateral de segunda-feira são baixas, mas mesmo um aperto de mão poderá ajudar a manter pelo menos alguma diplomacia de alto nível após anos de deterioração das relações.

Yoon disse a Li que a Coreia do Sul e a China devem trabalhar em conjunto não só para promover interesses partilhados com base no respeito mútuo, mas também em questões regionais e globais para enfrentar desafios comuns, citando a invasão da Ucrânia pela Rússia, o conflito Israel-Hamas e as incertezas económicas globais.

“Espero continuar a reforçar a cooperação bilateral, mesmo perante as actuais crises globais complexas”, afirmou Yoon no início da reunião, de acordo com o seu gabinete.

O Presidente sul-coreano pediu à China que desempenhasse um papel mais importante enquanto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, especialmente numa altura em que a Coreia do Norte continua a desenvolver mísseis nucleares e a reforçar a cooperação militar com a Rússia, afirmando que está iminente o lançamento de outro satélite espião utilizando tecnologia de mísseis balísticos intercontinentais.

Li disse a Yoon que os seus países não devem transformar as questões económicas e comerciais em questões políticas ou de segurança e que devem trabalhar para manter cadeias de abastecimento estáveis, segundo a agência noticiosa estatal chinesa Xinhua.

O chefe do Governo chinês afirmou ainda que a China está disposta a reforçar a cooperação nos sectores da indústria transformadora de ponta, das novas energias, da inteligência artificial, da biomedicina e noutros domínios.

Numa reunião separada com o presidente da Samsung, Jay Y. Lee, Li encorajou o gigante tecnológico coreano a aumentar o seu investimento na China.

Nos últimos anos, os dirigentes e diplomatas chineses condenaram frequentemente os Estados Unidos e os seus aliados por causa dos controlos das exportações que visam a sua indústria de semicondutores, apelando a estes países para que deixem de “esticar em demasia o conceito de segurança nacional”.

Numa reunião separada com Kishida, Yoon elogiou os progressos alcançados nos intercâmbios diplomáticos, económicos e culturais com o Japão e os dois líderes concordaram em aprofundar os laços no próximo ano, quando os dois países celebrarem o 60.º aniversário da normalização das relações, informou o gabinete de Yoon.

Kishida também se reuniu separadamente com Li, sublinhando a importância da estabilidade do estreito de Taiwan para o Japão e para a comunidade internacional.

Li disse a Kishida que esperava que o Japão “lidasse de forma correcta com questões como Taiwan”, informou a emissora estatal chinesa CCTV, referindo-se ao território governado de forma autónoma desde 1949 e reivindicado pela China como uma província chinesa.

Seul e Tóquio advertiram contra qualquer tentativa de alterar à força o statu quo no estreito de Taiwan, enquanto Pequim criticou a decisão de deputados sul-coreanos e japoneses de assistirem à tomada de posse do novo Presidente de Taiwan, Lai Ching-te.

Após a reunião, Kishida disse aos jornalistas que pediu a Pequim para levantar a proibição de importação de marisco japonês, imposta depois de o Japão ter começado a libertar no Pacífico as águas residuais tratadas da central nuclear de Fukushima, que se encontra em ruínas. Pediu também a libertação antecipada dos cidadãos japoneses detidos na China.

Os três vizinhos tinham concordado em realizar cimeiras anuais a partir de 2008, mas as disputas bilaterais e a pandemia de Covid-19 interromperam a iniciativa, tendo a última cimeira tripartida sido realizada no final de 2019.