Barca Velha 2015: um Paço Ducal alentejano para lançar um ícone do Douro

O cenário mágico da cozinha do Paço de Vila Viçosa foi o palco escolhido para a Casa Ferreirinha apresentar o Barca Velha 2015, num jantar preparado pelo chef João Rodrigues.

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O novo Barca Velha apresentou-se em Vila Viçosa com pompa e circunstância Sergio Ferreira
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Foi à luz de velas reflectidas nas centenas de tachos de cobre pendurados na imponente cozinha do Paço Ducal de Vila Viçosa que o novo Barca Velha 2015 se apresentou ao mundo, na noite de dia 22 de Maio de 2024. Às mesas, montadas neste cenário histórico, foram chegando pratos preparados pelo chef João Rodrigues (restaurante Canalha, Lisboa), inspirados nos menus reais de outros tempos – e para o momento solene da abertura do mais icónico vinho português, nada menos do que perdiz vermelha com molho Périgord.

“Procuramos sempre sítios especiais para a apresentação do Barca Velha”, explicou à Fugas o presidente da Sogrape (proprietária da Casa Ferreirinha, que produz o Barca Velha), Fernando da Cunha Guedes. “Foi assim no passado e continua a ser assim hoje. E este local tem muitas semelhanças com o Barca Velha. Estas paredes transpiram história, é um sítio único, exclusivo e icónico. É a primeira vez que o Paço, que pertence à Fundação Casa de Bragança, se abre a um evento privado. Juntamos assim história, tradição, cultura.”

Fazer o lançamento do famoso vinho do Douro no Alentejo não tem nada de estranho, sublinha Fernando Guedes. “Não é a primeira vez que saímos do Douro. Já fizemos apresentações em Sintra, em Lisboa. A ideia é sempre procurar um sítio inesperado, que possa surpreender, que possa agradar – que é o mesmo que procuramos quando abrimos uma garrafa de Barca Velha: que surpreenda, que seja diferente, exclusivo, único, intimista. E porque não no Alentejo, que é uma região vinícola por excelência?”

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Para um vinho nobre, uma nobre casa Sergio Ferreira

Defende, aliás, que o mais necessário é que em Portugal “trabalhemos todos juntos, não o Douro, não o Alentejo, ou o Barca Velha, mas o vinho português em geral, para em conjunto fazermos dele algo diferente e especial no mundo". O que, acredita, "já está a acontecer, porque o vinho português é hoje muito mais apetecido nas cartas dos grandes restaurantes”.

A grandiosidade dos lançamentos do Barca Velha tem vindo a crescer. “Também o vinho se tornou mais apreciado, requisitado e icónico, por isso uma coisa vai acompanhando a outra.” O que se procura, salienta Fernando Guedes, “não é o luxo, mas o factor surpresa".

Depois de uma visita guiada ao Paço Ducal, por entre os quartos reais, os berços dos príncipes e as pinturas do rei D. Carlos, os convidados seguiram para a varanda sobre o jardim de buxo onde, ao som de harpa tocada ao vivo, foi servido champanhe e os primeiros snacks. Só depois se dirigiram para a cozinha do palácio, onde tinham sido montadas as mesas, com grande mestria para que nada tocasse na notável colecção de tachos de cobre.

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O Paço ducal em VIla Viçosa MIguel Manso
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O jantar ficou nas mãos do chef João Rodrigues Sergio Ferreira

Na parte de trás, João Rodrigues e a sua equipa faziam um autêntico milagre. Num chão inclinado, de pedras incertas, tinham montado as mesas de trabalho e os geradores (o palácio não tem luz eléctrica) para alimentar os frigoríficos, as placas de indução, os fornos. Ajudou-os a experiência ganha num ano de Residência do projecto Matéria, em que percorreram o país montando cozinhas nos locais mais inesperados.

Às mãos do chef chegara algum tempo antes o livro de menus reais publicado pela Fundação e foi com base neles que João Rodrigues criou uma refeição muito ao estilo clássico francês, que começou com lavagante azul do Atlântico, espargos verdes e molho mousseline, truta salmonada e consommé à la Reine e galantina de galinha e foie gras — as três entradas que foram acompanhadas pelo Série Ímpar Curtimenta Branco, uma experiência com um blend um pouco mais “fora da caixa”, assinada por Luís Sottomayor, o enólogo do Barca Velha, três quintas em três sub-regiões do Douro, três colheitas, três castas (Alvarinho, Arinto e Viosinho), fermentadas em três barricas de carvalho, e um trabalho de maceração pelicular que conferiu ao vinho uma cor quase próxima do cobre dos utensílios de cozinha nas paredes.

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Fernando Guedes e Luís Sottomayor Sergio Ferreira

O prato de peixe eleito por João Rodrigues nos menus reais foi um pregado, com caviar imperial e nage de crustáceos, que chegou com um Quinta da Leda Tinto 1999, antes do momento alto da apresentação do Barca Velha, servido com a perdiz. Por fim, e antes dos queijos e do Sandeman Porto Vintage 1970, veio a sobremesa, sabayon e morangos macerados em vinho do Porto, e um Sandeman Tawny 50 anos.

Não foi fácil organizar um evento como este num local com tanta história. “Todo o espaço em que nos movimentamos é uma peça de arte”, lembrou Fernando Guedes. E é também isso que o Barca Velha aspira a ser. Um vinho, este 2015, oferecido por uma natureza que, nas palavras de Luís Sottomayor, “é magnânima, prodigiosa, mesmo”. A Casa Ferreirinha ofereceu-lhe, por isso, um palco de reis.

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O novo Barca Velha tem preço base de 860 euros na loja da Sogrape Sergio Ferreira
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