O novo Barca Velha é de 2015 e junta o melhor do 2011 e do 2008

Acaba de ser lançado o Barca Velha 2015, que espelha bem a grandeza do ano. É vinho já muito bom e, se há Barca Velha que promete durar décadas em grande forma, este é um deles. Preço base: 860 euros.

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Na loja da Sogrape irá estar à venda a 860 euros, mas o Barca Velha 2015 pode rapidamente ultrapassar os mil euros dr
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Já foi mais, quando o número de grandes vinhos portugueses era ainda residual, mas o lançamento de uma nova colheita do tinto duriense Barca Velha é sempre um acontecimento, pela raridade, prestígio e até preço do vinho. O último é da colheita de 2015 e foi apresentado ontem, no Alentejo, na lindíssima cozinha do Paço Ducal de Vila Viçosa, a casa de férias de vários reis, em especial do rei D. Carlos, o mesmo que cunhou a expressão "nas minhas sete quintas" , tantas eram as propriedades que a casa real possuía na região. Foi dali, de resto, que o monarca partiu no dia do regicídio, em 1 de Fevereiro de 1908.

Vila Viçosa era o seu retiro de caça e de grandes repastos, similares ao que o chef João Rodrigues fez, a partir, precisamente, de receitas de D. Carlos, para maridar com o novo branco de curtimenta da Série Impar da Sogrape (vinhos mais alternativos criados pelos diferentes enólogos da empresa), o magnífico tinto Quinta da Leda 1999 (deve ter atingido o seu auge) e o novo Barca Velha.

Tal como D. Carlos, também Luís Sottomayor, o enólogo responsável pelos vinhos do Douro da Sogrape, estava nas suas "sete quintas". E tinha razão para isso, e já agora, para agradecer a "magnanimidade da natureza", que em 2015 permitiu fazer vinhos quase perfeitos na região duriense. O Inverno e a Primavera foram secos e o Verão começou quente, anunciando a repetição da canícula de 2011, mas a vindima decorreu com temperaturas amenas e alguma água, favorecendo a boa maturação das uvas.

O Barca Velha 2015 espelha bem a grandeza do ano, uma síntese das colheitas de 2011 e 2008. A primeira originou vinhos bastante maduros mas muito sedosos e a segunda deu vinhos mais frescos e com maior tensão de boca, um pouco angulosos, até. Dois perfis cuja diferença ficou bem patente tanto no Barca Velha de 2011, como no Barca Velha 2008, os mais recentes. Sobre a qualidade de ambos, as opiniões dividiram-se. A maioria dos críticos preferiu o 2011, mas o 2008, como se defendeu aqui, tem vindo a mostrar-se mais vinho, com outra frescura e digestibilidade.

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O novo Barca Velha dr

Ao juntar o melhor dos dois, embora se aproxime mais do 2008, o Barca Velha 2015 bem pode deixar eufóricos os seus criadores. Eufóricos porque é vinho já muito bom, mas, sobretudo, porque mostra um potencial incrível. Se há Barca Velha que promete durar décadas em grande forma, este é um deles.

Dos que o provarem, haverá quem goste muito e quem não sofra grande estremecimento, sobretudo se a expectativa for encontrar um vinho fino e delicado, tipo um grande Pinot Noir da Borgonha. Acontece que o Barca Velha não é um vinho desses. É um vinho mais na linha do espanhol Vega Sicília, um tinto que resiste às modas e que também requer uns bons anos para mostrar todo o seu valor. É, além disso, um vinho de uma região quente, o Douro, embora com muitas bolsas de frescura.

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Sérgio Ferreira

Tal como os anteriores, o Barca Velha 2015 junta uvas da Quinta da Leda, no Douro Superior, com outras mais frescas da zona da Meda. E a corte de castas utilizadas - Touriga Francesa, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinto Cão e Sousão - também permite um bom balanço. Se a Touriga Francesa e a Tinta Roriz aportam grande estrutura, já a Sousão contribui com acidez, cor e aromas químicos, ao passo que a Tinto Cão fornece elegância e aromas florais e a Touriga Nacional acrescenta um pouco de tudo. Por alguma razão é um lote cada vez mais comum no Douro.

Quanto vai custar? Isso será o mercado a determinar. Na loja da Sogrape irá estar à venda a 860 euros, mas é bem provável que ultrapasse rapidamente os 1000 euros, até porque a produção foi pequena (16500 garrafas), em comparação com a anterior (quase o dobro). Como grande ícone dos vinhos tintos portugueses, o Barca Velha já está no patamar do luxo, vendendo pelo seu nome e prestígio - desde que tenha qualidade, claro.

Nisso, Luís Sottomayor não tem facilitado. O vinho só sai ao fim de nove a dez anos, quando já não há qualquer dúvida sobre a real valia. Desde o primeiro, de 1952, esta é apenas a 21.ª colheita. Curiosamente, o 2015 tem a mesma graduação do vinho inaugural, apesar das alterações climáticas: 13,5% vol..

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