As vantagens de contratar alguém com doutoramento

Quando se contrata uma pessoa com doutoramento contrata-se alguém que sobreviveu e conseguiu dar provas que pode aprender, inovar e transformar conhecimento em contribuições úteis em qualquer parte.

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Em terra de doutores e engenheiros, um título académico vale tudo e nada ao mesmo tempo. Das licenciaturas de três anos aos doutoramentos obtidos com 25 anos, há um novo mundo de jovens com elevadíssimas formações que podem encontrar dificuldades em singrar em algumas áreas enquanto noutras são pagos a peso de ouro.

Actualmente, a obtenção de um grau de doutoramento democratizou-se. Não são apenas os professores universitários que buscam este título. Nada como era antigamente, em que isso resultava, muitas vezes, do culminar de uma carreira dedicada a uma área do conhecimento específica. Para muitos jovens, o primeiro emprego vem somente depois do Ph.D. e a carreira académica nem sequer é a primeira das opções. Empresas de topo e todas aquelas instituições que pretendem estar na crista da onda da inovação procuram estes recursos humanos. Afinal, qual a garantia que dá alguém com um doutoramento? Para isso temos de analisar o processo para se obter este grau.

Para entrar num doutoramento, dos mais reputados, é preciso ter provas dadas. Muitos exigem investigação feita durante os graus anteriores, nomeadamente no mestrado. Existem entrevistas prévias. Exige-se que alguém com doutoramento ganhe autonomia e se consiga estabelecer como especialista, verdadeira autoridade na área que pretende investigar e produzir ciência e suas aplicações práticas. Alguns doutoramentos são talhados para determinas indústrias e definidos pelas necessidades dessas empresas.

Depois, fazer um doutoramento é um processo penoso, solitário, e dado a imensas frustrações. São elevados os riscos para a saúde mental. São anos a trabalhar sem ter resultados à vista. Os orientadores, por mais presentes que sejam, não conseguem evitar o sentimento de abandono, pois também eles estão sobrecarregados, especialmente em Portugal. Parte-se do princípio de que os doutorandos continuem a publicar artigos de conferências e revistas científicas, onde a taxa de rejeição pode chegar aos 80%. Exige-se inovação, método, criatividade e capacidade de escrever de forma clara, objectiva e sustentada que o artigo vai contribui para o avançar do conhecimento. Podemos ser da área da matemática, mas temos de saber escrever, comunicar em público, obrigatoriamente em inglês, se queremos ter relevância e visibilidade.

Por isso, quando se contrata uma pessoa com doutoramento, contrata-se alguém que sobreviveu e conseguiu dar provas de que pode aprender, inovar e transformar conhecimento em contribuições úteis em qualquer parte do mundo. Isto interessa a todas as instituições e empresas, pois contribui para gerar mais valor. É por isso, que fora de Portugal, nos países economicamente e tecnologicamente mais desenvolvidos, é comum haver procura por pessoas com doutoramento fora da academia. Por cá, ainda nos falta descobrir o quanto andamos a desperdiçar.

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