PSP instaurou 43 processos disciplinares a polícias que estiveram no Capitólio

Ministério Público arquivou inquérito por não ter conseguido apurar quem foram os promotores do protesto não autorizado no Parque Mayer, durante debate eleitoral para as legislativas.

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Concentracao das forças de segurança no Capitólio Nuno Ferreira Santos
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A PSP instaurou 43 processos disciplinares a polícias que participaram na concentração espontânea realizada em Fevereiro junto ao Capitólio, em Lisboa, durante o debate eleitoral para as eleições legislativas.

A Polícia de Segurança Pública começou por instaurar um processo de inquérito para apurar o "eventual envolvimento" de polícias no protesto, cuja realização não foi comunicada às autoridades e à câmara municipal, bem como a responsabilidade disciplinar.

"Em resultado do referido processo de inquérito foi determinada a instauração de 43 processos disciplinares, que se encontram a correr termos em vários comandos territoriais da PSP, os quais ainda se encontram em instrução", indica o gabinete de imprensa desta corporação.

Além disso, a PSP comunicou ao Ministério Público a realização do desfile e concentração não autorizados junto ao cineteatro Capitólio, obrigando ao corte inopinado de várias ruas de Lisboa. Como o PÚBLICO noticiou, mês e meio depois destes acontecimentos, no passado dia 3 de Abril, a procuradora do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa encarregada do inquérito resolveu arquivá-lo sem levar a cabo uma única diligência. “No local não foi possível apurar quem seriam os promotores de tal manifestação. Da mera leitura do auto de denúncia [preenchido pela PSP] é patente a inexistência de indícios que permitam conduzir à identificação dos autores daquela factualidade, não tendo sido identificado qualquer promotor ou manifestante (…), o que se traduz na impossibilidade prática de diligências de inquérito com vista à sua identificação”.

E dado que a lei proíbe aos magistrados a prática de actos inúteis o Ministério Público arquivou o processo, que poderá ainda assim ser reaberto caso surjam dados novos que o permitam fazer.

A 19 de Fevereiro, cerca de um milhar de polícias concentraram-se junto ao cineteatro Capitólio, onde estava a decorrer um debate entre os dois principais candidatos a primeiro-ministro nas eleições legislativas, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos. Vinham de uma manifestação autorizada que decorreu na Praça do Comércio, organizada pela plataforma que congrega sindicatos da PSP e associações da GNR.

O protesto junto ao Capitólio foi marcado nas redes sociais pelo chamado "movimento inop" e não teve a participação da plataforma, sendo também através daquelas redes que foram lançadas todas as directrizes que os manifestantes deviam seguir.

Na altura, os elementos da PSP e da GNR estavam em protesto há mais de um mês para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária, uma reivindicação que ainda se mantém, uma vez que o actual Governo ainda não chegou a acordo com os sindicatos.