Ucrânia e Rússia combatem por cada rua de Vovchansk

Forças ucranianas dizem controlar cerca de 60% da cidade fronteiriça, na região de Kharkiv, que a Rússia quer ocupar. Zelensky diz que ajuda ocidental chega com um ano de atraso.

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Forças russa lançaram há dez dias uma ofensiva em Kharkiv, no Norte da Ucrânia SERGEY KOZLOV / EPA
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As forças ucranianas dizem controlar ainda cerca de 60% da cidade de Vovchansk, na região de Kharkiv, e estão embrenhadas em combates urbanos para defender a localidade fronteiriça dos ataques russos, revelaram dirigentes ucranianos.

A tomada de Vovchansk seria a conquista mais relevante da Rússia desde que abriu uma nova frente de combates na região de Kharkiv, há pouco mais de uma semana. O Kremlin tem reiterado que o objectivo da operação lançada no Norte da Ucrânia é a criação de uma “zona tampão” que impeça a Ucrânia de atacar as regiões russas próximas da fronteira, particularmente Belgorod.

“O inimigo continua a tentar, especialmente dentro de Vovchansk, empurrar as Forças Armadas ucranianas para fora da cidade”, disse o vice-governador da província de Kharkiv, Roman Semenukha, numa declaração televisiva nesta segunda-feira.

“Cerca de 60% da cidade está controlada pelas Forças Armadas ucranianas, o que significa que os ataques não têm parado”, acrescentou.

O governador da região, Oleg Siniehubov, explicou que a linha da frente se fixou ao longo do rio Vovcha, que atravessa a cidade. Desde 10 de Maio, quando a Rússia iniciou a ofensiva em Kharkiv, foram retirados mais de dez mil civis de localidades fronteiriças, de acordo com as autoridades locais.

“Os nossos soldados estão a tentar defender a cidade casa a casa, rua a rua”, disse Siniehubov. “O plano do inimigo para capturar rapidamente o Norte da região falhou”, acrescentou o responsável.

A ofensiva russa em Kharkiv, com ataques nas áreas de Vovchansk e Liptsi, forçaram a Ucrânia a enviar reforços, obrigando a desdobrar as suas tropas ao longo de uma linha da frente de mais de mil quilómetros no Leste e no Sul.

Moscovo está a tentar aproveitar a fragilidade das forças ucranianas, que ainda aguardam a chegada da ajuda aprovada recentemente pelo Congresso dos EUA, particularmente munições. No entanto, as autoridades ucranianas dizem que os stocks de munições já estão a ser repostos e na última sexta-feira nenhum batalhão reportou escassez.

O secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, confirmou que o objectivo das forças russas é ocupar o território fronteiriço na região Norte da Ucrânia para estabelecer uma “zona tampão”. “É um combate difícil e perigoso, mas os defensores ucranianos estão a mostrar uma coragem e capacidade extraordinárias”, disse o chefe do Pentágono nesta segunda-feira.

Austin disse ainda que Washington já entregou “grande parte dos pedidos prioritários da Ucrânia [em termos de armamento], e muito mais assistência está a caminho”.

Uma avaliação diferente foi feita pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que, em entrevista à Reuters, se queixou de que o envio de ajuda militar pelo Ocidente é “um grande passo em frente, mas, antes disso, dois passos para trás”. “Cada decisão que tomamos, depois de toda a gente estar de acordo, chega com cerca de um ano de atraso”, acrescentou.

Entretanto, a Rússia disse ter assumido o controlo total da vila de Bilohorivka, na província de Lugansk, no Donbass, onde nos últimos meses as forças russas têm alcançado alguns ganhos territoriais. Um dos principais objectivos do Kremlin é ocupar totalmente as províncias de Donetsk e Lugansk, anexadas ilegalmente em Setembro de 2022.

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