De fio a pavio

Poesia Pública é uma iniciativa do Museu e Bibliotecas do Porto comissariada por Jorge Sobrado e José A. Bragança de Miranda. Ao longo de 50 dias publicaremos 50 poemas de 50 autores sobre revolução.

Ouça este artigo
00:00
01:04

Estive lá
entre porta e praça
porque já cá estava
cega de mim
com três lustres acesos

Foi um crescer do corpo e
do mundo
num abrir e fechar de olhos
num deleite de fora de horas
ininterrupto

Estive lá
por vezes pergunto-me
quanto de mim regressou
no instante em que soube o irrepetível
e seu corolário de nostalgia
por antecipação.

Estive nesse parêntese redondo e recto
em que o inesperado
foi esperança de quase todos
nem um nem outra
jamais escritos

na pedra.

Estarei lá
porventura já cá não
mas um abrir mundo
pela noite dentro
me chama desde então

e não se extingue.


Regina Guimarães, Porto, 1957. A par da sua poesia, desenvolve actividade nas áreas da Crítica, da Tradução, da Canção, da Educação pela Arte, das Artes do Palco e das Artes Visuais. Tem vasta obra como dramaturga, argumentista e videasta. Foi docente na FLUP, na ESMAE e na ESAD. Aspira a estar em todo o lugar onde haja uma luta justa a travar. Vive e trabalha com Saguenail desde 1975.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários